51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DISCUSSÃO SOBRE UMA PROPOSTA DE LECTOESTRATOTIPO PARA A FORMAÇÃO SETE LAGOAS, GRUPO BAMBUÍ, BRASIL

Texto do resumo

Os depósitos do Neoproterozoico na porção ocidental da bacia do São Francisco, a qual era contígua ao cráton do Congo, são representados pela Formação Jequitaí e pelo Grupo Bambuí. A Formação Sete Lagoas representa a unidade basal do Grupo Bambuí e consiste em uma sequência de sedimentos dominados por carbonatos na bacia do São Francisco. Embora cinco formações tenham sido formalizadas dentro do Grupo Bambuí, as seções tipo dessas unidades litoestratigráficas nunca foram formalmente descritas. O Código Estratigráfico Internacional estabelece que uma unidade litoestratigráfica formal deve possuir uma localidade tipo e uma seção tipo, estratotipo, com devida caracterização. Como nunca foi descrito um estratotipo para a Formação Sete Lagoas, a proposta de um lectoestratotipo é altamente recomendada. Adicionalmente, a designação de um lectoestratotipo é uma possibilidade para complementar a definição de unidade litoestratigráfica. Devido à falta de uma proposta formal de estratotipo para a Formação Sete Lagoas, a seção litoestratigráfica Gruta Rei do Mato é discutida como uma potencial candidata a uma designação de lectoestratotipo. Esta seção está localizada dentro dos limites da Unidade de Conservação Gruta Rei do Mato, município de Sete Lagoas, estado de Minas Gerais, sudeste do Brasil, Datum WGS84, 23K, 575103 mE, 7844059 mN (UTM). Esta seção possui 125 metros de espessura e tem limite superior com os afloramentos da Formação Serra de Santa Helena. No entanto, o limite basal da Formação Sete Lagoas com a unidade litoestratigráfica subjacente não está exposto nesta área, e as rochas da Formação Sete Lagoas repousam sobre um embasamento gnaisse-migmatito paleoproterozóico. A seção é constituída predominantemente por calcários, com pouca ou nenhuma contribuição de sedimentos siliciclásticos. Os principais litotipos são calcarenitos puros, cinza claro a escuro, com granulometria variável e apresentando alto grau diagenético. Na porção basal e intermediária da seção, ocorrem estruturas sedimentares, como estratificação cruzada hummocky e swaley, deformação de sedimentos moles compreendendo sinformas e estratificação convoluta. Esta associação de litofácies indica deposição abaixo da base das ondas de tempo bom, num ambiente de transição influenciado por tempestades, e associado a uma rampa carbonática com uma elevada taxa de sedimentação. Na porção superior da seção, as litofácies apresentam maior quantidade de laminação cruzada tabular de baixo ângulo, ondulações ascendentes, estratificação cruzada em espinha de peixe e ocorrência de estromatólitos colunares bifurcados. Tal morfotipo de microbialitos foi classificado como possivelmente pertencente ao Gênero Gymnosolen Steinmann, 1911. A distribuição desses estromatólitos varia lateralmente, dependendo das condições paleoecológicas, possivelmente representando uma rampa carbonática interna estromatolítica, influenciada por ondas ou marés. O intervalo acima dos estromatólitos apresenta contribuição mais significativa de material siliciclástico, constituído por margas sobrepostas por siltitos laminados maciços, representando a transição para a Formação Serra de Santa Helena. Este limite pode representar uma transgressão marinha associada a mudanças paleoambientais, nas quais a plataforma passa a ser influenciada por materiais siliciclásticos do cráton.

Palavras Chave

Formação Sete Lagoas; Grupo Bambuí; Lectoestratotipo; Ediacariano

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Matheus Denezine, Lucas Bittencourt, Dermeval Aparecido Do Carmo, Martino Giorgioni, Marcos Cristóvão Baptista, Rodrigo Rodrigues Adorno, Edi Mendes Guimarães, Lucieth Cruz Vieira