Dados da Submissão

Título

ARCABOUÇO CRUSTAL DO TERRENO ALTO MOXOTÓ DA PROVÍNCIA BORBOREMA, NE DO BRASIL

Texto do resumo

O Paleoproterozoico é considerado uma era singular na história terrestre, uma vez que compreende diversos eventos que moldaram a atmosfera, hidrosfera, biosfera e litosfera. No âmbito da Plataforma Sul-Americana, segmentos crustais paleoproterozoicos ocorrem de forma contínua ao longo dos principais blocos cratônicos, tais como os terrenos de alto grau que compõem os crátons do São Francisco e Amazônico. Por outro lado, inliers do embasamento são amplamente descritos nas faixas orogênicas brasilianas, representando janelas importantes que podem contribuir para a compreensão da paleogeografia antiga do planeta. O Terreno Alto Moxotó corresponde ao fragmento litosférico mais antigo da Zona Transversal da Província Borborema. Os primeiros registros de crescimento crustal são marcados pela injeção de TTGs juvenis no intervalo entre 2,9 e 2,6 Ga, interpretados como resultado da fusão anidra de crosta oceânica primitiva metamorfizada no fácies eclogito, sugerindo episódios de geração de material juvenil desde o Mesoarqueano na região. O arcabouço geral do terreno é dominantemente paleoproterozoico (ca. 2,15-2,0 Ga), sendo representado por rochas gnáissicas e migmatíticas fortemente deformadas, que se intercalam com rochas máficas e ultramáficas, interpretadas como magmatismo cálcio-alcalino de arco magmático e toleíticos de arco, respectivamente. Os dados disponíveis de geoquímica de rocha total, associados a amplo banco de dados de Sm-Nd, sugerem a evolução dessas rochas a partir de um arco insular que cresceu e foi sistematicamente retrabalhado durante subducção e consequente colisão continente-continente em torno de 1,9 Ga, materializada em leucogranitos a duas micas que ocorrem como sheets dobrados com forte evidência de anatexia nesse evento. De forma paralela aos eventos tafrogênicos marcados no Cráton do São Francisco, registros de plutonismo tipo A são descritos no interior do terreno, marcados por sienogranitos, alcali-feldspato granitos e gabros, interpretados como resultado de tentativas de fragmentação litosférica, não evoluindo, entretanto, para a formação de margens continentais expressivas. Uma interpretação plausível para a ocorrência desse bloco antigo, circundado por faixas mais jovens, é corroborada por dados geofísicos disponíveis, como magnetotelúrico, sísmica, magnetometria e gravimetria, indicando que processos de aloctonia associados à colocação desse terreno por meio de docagem litosférica ocorreram no interior da Província Borborema. Se o mecanismo se deu por descratonização do Cráton do São Francisco, ou dispersão de algum microcontinente arqueano-paleoproterozoico ainda não conhecido, é uma questão ainda a ser elucidada. Alternativamente, existe a hipótese de a Província Borborema representar uma faixa orogênica intracratônica ou intracontinental e, dessa forma, este terreno seria parte do Cráton do São Francisco.

Palavras Chave

Paleoproterozoico; Terreno Alto Moxotó; Província Borborema.