51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CONTROLES LITOLÓGICOS E GEODINÂMICOS SOBRE A MOBILIDADE DO DIVISOR DE DRENAGEM TRANSCONTINENTAL DA AMÉRICA DO SUL E ENCOLHIMENTO DA BACIA DO RIO PARANÁ

Texto do resumo

Introdução
Um dos maiores divisores de drenagem da América do Sul separa as bacias hidrográficas do Tocantins e da Amazônia das bacias do Paraná e do Paraguai. Orientado NE-SW e com extensão de 5000 km, o divisor se estende desde o Atlântico até as bordas do Cráton Amazônico. Com base em uma fraca coincidência espacial com intrusões ígneas datadas entre 70 e 90 Ma, a origem e a estabilidade desse divisor foram atribuídas a esses eventos magmáticos. Neste trabalho, avaliamos esta e outras hipóteses com base em princípios dos processos superficiais e da evolução de paisagem. Quantificando a assimetria topográfica dos divisores de drenagem ao longo do divisor transcontinental, inferimos padrões de mobilidade do divisor e sua compatibilidade com diferentes cenários geológicos.
Objetivos
Os objetivos deste trabalho são: i) verificar se o magmatismo cretáceo exerceu influência na criação e manutenção do divisor de drenagem transcontinental; ii) analisar se há alguma influência regional no padrão de mobilidade dos divisores.
Método
Foram verificadas as assimetrias dos divisores drenagem por meio do Índice de Assimetria do Divisor, o qual quantifica a declividade em lados opostos do divisor como proxy para assimetria erosiva. A mobilidade efetiva dos divisores foi inferida a partir de análise geomorfológica de modelos digitais de elevação com resolução de 30m, e de mapeamento de capturas de drenagem na região.
Resultados
Análises geomórficas desse divisor transcontinental mostram uma migração sistemática de parte do divisor para sul e parte para norte, sem relação aparente com as intrusões cretáceas, ao contrário do que estudos prévios sugeriram. Parte desse divisor transcontinental coincide com o divisor de drenagem da bacia do Rio Paraná no seu limite norte. Nessa região, foi encontrado um padrão de mobilidade para sul (i.e., para interior da bacia), o que indica consumo de sua área. Foram encontradas evidências de capturas de drenagem por toda a extensão de seus divisores externos, não só no limite norte. Uma análise de 160 pares de rios ao longo destes divisores aponta uma maior elevação de cabeceira dos rios da bacia do Paraná quando comparados com drenagens do lado oposto (externas à bacia). As capturas, portanto, confirmam a mobilidade inferida pela assimetria topográfica. Inferimos que os basaltos do Grupo Serra Geral induziram a inversão da topografia na região. Concentrados majoritariamente na bacia do Rio Paraná, as rochas teriam contribuído para a manutenção da topografia elevada da bacia que, por sua vez, é uma das mais altas bacias hidrográficas da América do Sul. Além disso, a espessa crosta continental abaixo da bacia sedimentar do Paraná, que é atribuída a uma massa abaixo da crosta proveniente do evento que gerou a Província Ígnea Paraná-Etendeka, também contribui para sua maior elevação quando comparada com seu entorno. Valores de subsidência dinâmica não-uniformes na região da bacia nos últimos 50 Ma provavelmente reduziram a declividade topográfica nas cabeceiras próximas ao divisor transcontinental, contribuindo para a assimetria encontrada nos divisores.
Conclusão
A resistência litológica, a espessura crustal e a subsidência geodinâmica, combinadas, induzem a manutenção da elevação da bacia hidrográfica do Rio Paraná, tornando-a topograficamente vulnerável à perda de área de drenagem. Controles de nível de base regionais explicam o encolhimento da bacia do Rio Paraná e, portanto, a posição e mobilidade do divisor transcontinental.

Palavras Chave

evolução de paisagem; Geomorfologia; Bacia do Paraná; divisor transcontinental; mobilidade de divisores de drenagem

Área

TEMA 06 - Paleoambiente e mudanças climáticas

Autores/Proponentes

Caio Crelier, Adriana Zumba, Daniel Peifer, Pedro Val