51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DESVENDANDO A EVOLUÇÃO DA ÁGUA DO MAR PÓS-MARINOANO (~635 MA) NO CRÁTON AMAZÔNICO: UMA ABORDAGEM MULTIPROXIES NA SEQUÊNCIA DE CAPA CARBONÁTICA PUGA

Texto do resumo

A extensa deglaciação ligada ao clima pós-Snowball Earth ocorridos durante o Criogeniano, este período registra dois episódios de glaciação em escala global, sendo eles o evento Esturtiana (~710Ma -660 Ma) e o Marinoano (~650 - 635 Ma). Esta transição de condições Icehouse para condições de Greenhouse estão excepcionalmente registradas em sucessões de carbonatos de capa distribuídas globalmente. Um dos exemplos mais espetaculares é o carbonato de capa Puga (~635 Ma), que foi exposto no Cráton Amazônico e associado a mudanças extensas no nível do mar relacionadas ao ajuste isostático pós-glacial e à ação da gravidade do gelo. A ressurgência costeira foi sucedida por uma transgressão de longo prazo sob um clima de efeito estufa. Este estudo avalia as complexas dinâmicas pós-Marinoanas usando uma abordagem multiproxy. Os padrões de elementos terras raras + ítrio no carbonato de capa Puga refletem condições marinhas após a Terra bola de neve. As baixas razões Y/Ho > 36 na capa dolomitica sugerem mistura de água de degelo com água do mar, no entanto a base registra altos valores da razão Y/Ho de até 70, e anomalias de Eu/Eu* até 3, indicam ressurgência de água do mar hipersalina com interação de fluido hidrotermal (vents), corroborando com a interpretação de que a capa dolomitica precipitou durante o processo de desestratificação dos oceanos. As composições isotópicas radiogênico de Nd, combinadas com outros proxies como δ13C e 87Sr/86Sr, indicou a influência de contribuições continentais e marinhas durante a precipitação do carbonato de capa de Puga. O sistema isotópico de Nd, menos suscetível a trocas diagenéticas, revelou assinaturas distintas de massas de água e intenso intemperismo do Cráton Amazônico durante a deglaciação, conforme indicado pelas tendências geoquímicas, ex. Y/Ho, e valores de 87Sr/86Sr, εNd(t), δ13C. Os nossos dados de 87Sr/86Sr na capa dolomitica variam de 0.7264 a 0.7084, e esses valores são mais altos do que os valores pré e pós-glaciais da água do mar. A associação de valores de 87Sr/86Sr mais radiogênico com os valores de ƐNd (635Ma) -14.9 a -6.34, similares aos encontrados nos diamictitos, reforça a conexão com a contribuição do intemperismo continental na água de degelo. Os nossos dados reforçam a interpretação da rápida precipitação da capa carbonática e sugerem que a sequência da capa Marinoana acumulou-se durante as etapas finais da deglaciação, concordando com a escala de tempo de curta duração para a desestratificação dos oceanos. A transição do ambiente glaciomarinho para um ambiente raso com intensa atividade microbiana, rápida recuperação da produtividade primária, com grandes comunidades microbianas florescendo, induzindo a precipitação de dolomita sob condições paleoambientais restritas. Assim, os valores bem preservados de δ13C, -8. a -4‰, dos depósitos dolomíticos podem ter resultado da atividade microbiana, que produz bicarbonato empobrecido em δ13C, reduzido do reservatório de carbono inorgânico dissolvido. As águas estratificadas foram gradualmente se tornando mais misturadas, água do mar e água de degelo, resultando no fim das plataformas dolomíticas coincidindo com o aumento de componentes detriticos, seguido por uma substituição abrupta por mares supersaturados durante condições extremas de efeito estufa durante a transgressão de longo prazo.

Palavras Chave

Estratificação: plataforma restrita; Intemperismo continental; Mistura de águas: paleoprodutividade

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

RENAN FERNANDES DOS SANTOS, Afonso C. R. Nogueira, Pierre Sansjofre, Peter W. Crockford, Davi F. de Carvalho, Gabriel J. Uhlein, Juliana C. Marques, Laurane Fogret, Lucieth C. Viera, Stefan V. Lalonde