Dados da Submissão

Título

CONTRASTES DE ERODIBILIDADE NO ESCUDO SUL-RIO-GRANDENSE: UMA ANÁLISE NA RESISTÊNCIA DAS ROCHAS

Texto do resumo

Landscape Evolution models (LEMs) são utilizados para simulação na evolução
da topografia e da fisiografia continental. Neles, a migração de divisores de água
em bacias hidrográficas acarreta o rearranjo do padrão de drenagem e a
evolução de maturidade do sistema fluvial, resultando em um rejuvenescimento
da topografia e da alteração na taxa de erosão e da descarga de sedimentos.
Neste trabalho, uma área do Escudo Sul-Rio-Grandense (ESRG), na porção sul
do Brasil, é avaliada quanto à sua compartimentação litológica e estrutural com
a finalidade de ressaltar os contrastes de erodibilidade e da mobilidade dos
divisores de água das bacias hidrográficas. As rochas do ESRG estão inseridas
no Cinturão Dom Feliciano, que tem uma história policíclica e, de forma geral,
diminuem em elevação do oeste para o leste, onde são recobertas pela
sedimentação da Bacia de Pelotas na margem atlântica. Por meio dos sistemas
fluviais que drenam o ESRG, é possível acompanhar a variação na resistência à
erosão das rochas e avaliar como a configuração estrutural influenciou na
mobilidade dos sistemas fluviais entre os terrenos do ESRG. Os dados para esta
avaliação são oriundos da coleta de dados do campo de resistência das rochas
utilizando um martelo Schmidt, juntamente com a extração dos índices
geomorfométricos em modelos digitais de terreno do ESRG. Com estes dados,
contrastes de erodibilidades são ressaltados entre os diferentes tipos de rochas.
A diferença entre as erodibilidades calculadas está em até duas ordens de
grandeza, com maior variabilidade na resistência das rochas sedimentares
comparadas aos maciços ígneos / metamórficos, influenciando na dinâmica e na
migração dos divisores de águas. Além disso, o contexto estrutural influenciou
no rejuvenescimento da topografia, gerando knickpoints ao longo das principais
zonas de cisalhamento, os quais são pontos de maior declividade e, por
conseguinte, sofrem maior ação do stream power. As rochas sedimentares e
metassedimentares da Bacia do Camaquã possuem maior contraste de
resistência com os terrenos de embasamento São Gabriel e Tijucas, ocorrendo
em uma maior captação de afluentes para o rio Camaquã e resultando em uma
maior expansão de sua bacia hidrográfica, se comparada às outras bacias
estudadas. Ao leste, os rios sobre o Batólito de Pelotas estão encaixados em
uma topografia rejuvenescida e com altos valores de resistência, principalmente,
em porções que sofreram metamorfismo próximas às zonas de cisalhamento.
Finalmente, se observa uma forte condicionante estrutural atrelada às zonas de
cisalhamento da Dorsal de Canguçu, de Erval e de Caçapava do Sul, com o
soerguimento de blocos resultando em uma maior taxa de erosão para atingir o
equilíbrio dinâmico. Os principais contrastes de resistências estão relacionados
às ocorrências de rochas sedimentares e às zonas de falha, onde se evidencia
uma maior taxa de mobilidade dos divisores de água. Esta mobilidade, em
resposta à erosão por tipos de rochas e o contexto estrutural, implica na
percepção do dinamismo antigênico dos sistemas fluviais nas áreas fontes, além
da interpretação geomorfológica e na estimativa da descarga de sedimentos na
foz dos rios.

Palavras Chave

Martelo Schmidt; Divisores de água; Sistema fluvial