Dados da Submissão

Título

CONSIDERAÇÕES SOBRE A EVOLUÇÃO TECTÔNICA DO ORÓGENO SALVADOR-ESPLANADA-BOQUIM A PARTIR DA CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DE AFLORAMENTO NO FAROL DA BARRA, SALVADOR, BA, BRASIL

Texto do resumo

Os orógenos são regiões de grandes elevações resultantes, não raramente, de interações compressionais entre placas tectônicas. Considerado um ramo nordeste do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, nucleado pelo colisão entre os paleocontinentes Gavião, Serrinha, Jequié e Itabuna-Salvador-Curaçá, o Orógeno paleoproterozoico Salvador-Esplanada-Boquim (OSEB) é constituído por rochas de fácies granulito a anfibolito, cujos afloramentos hoje compreendem sua raiz, exposta por processos de erosão e exumação. Esses litotipos tem idades de formação entre 2,6 e 2,5 Ga e de metamorfismo de 2,09 e 2,07 Ga, com temperatura de 915 a 860 oC e pressão de 7 kbar, e magmatismo fissural monzo-sienogranítico de 2,064 e 2,015 Ga. Esse trabalho objetivou a compreensão da evolução tectônica do OSEB a partir da determinação de suas fases deformacionais. Para isso, em atividade de campo realizada pela turma da disciplina GEO052-Geotectônica e Geologia Histórica do curso de graduação em Geologia da Universidade Federal da Bahia, foi feita a caracterização estrutural a partir da coleta e análise de estruturas como foliações, lineações minerais, veios graníticos e pegmatíticos e falhas-fraturas, seguida pela produção de diagramas de isodensidade de frequência polar e linear. As diferentes estruturas medidas em campo apontam para três diferentes fases orogenéticas paleoproterozoicas, além de eventos pós-orogênese, ligados a abertura do Atlantico Sul durante o Cretáceo. No afloramento estudado a orogenia Paleoproterozóica relacionada à formação do OSEB, teve: i) a sua primeira fase de deformação (Dn) marcada por uma cinemática reversa, com a formação de foliações (Sn) de baixo ângulo que formam um bandamento gnáissico (Sn) e possuem três direções preferenciais (NE-SW, SE-NW e NW-SE), em estilo costa de baleia, além de lineação de estiramento mineral (Lxn) de baixo ângulo marcada pelo estiramento de Quartzo e de K-feldspato, orientados segundo os sentidos NE e SW; ii) a segunda fase da deformação (Dn+1) foi gerada num evento transcompressional, o que resultou na transposição, subverticalização e dobramento anastomosado das foliações Sn, com mergulhos variando entre 62º e 85º, possuindo grãos de K-feldspato e Quartzo como indicadores cinemáticos de movimento local dextral, lineações de estiramento mineral (Lxn+1) com caimento de baixo ângulo preferencial para NE e a presença de estruturas assimétricas tipo boudins e pinch and swell dos bandamentos gnáissicos; iii) a terceira fase da orogenia (Dn+2) é possivelmente ligada ao colapso do orógeno, que é caracterizado por processos de extensão que resultaram na intrusão de veios leucograníticos vistos de duas maneiras: irregulares ou tabulares, com textura poli-intrusiva pegmatítica nas bordas e granítica no centro e; iv) com a diminuição da atividade tectônica se iniciam eventos pós-orógeno, em que ocorreram mudanças do nível do mar evidenciadas pela presença de arenitos de praia no topo do afloramento e eventos extensivos que provocaram fraturas e falhas, concordantes com os trends das falhas de borda da bacia mesozóica do Recôncavo (NE-SW) e do sistema de falhas de Mata-Catu (NW-SE). Após estudo do afloramento do Farol da Barra concluiu-se que muitas respostas a respeito da evolução tectônica do orógeno e pós-orógeno estão presentes nele, e que se trata de uma área-chave para o entendimento didático dessa evolução temporal do OSEB no estado da Bahia.

Palavras Chave

Orógeno Salvador-Esplanada-Boquim; Tectônicas Paleoproterozoica e Mesozoica; Geologia Estrutural em detalhe