51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA E PETROGRÁFICA DA SEQUÊNCIA EVAPORÍTICA INFERIOR, FORMAÇÃO IPUBI, BACIA SEDIMENTAR DO ARARIPE: UM EXEMPLO DE ANÁLOGO ÀS SEQUÊNCIAS DO PRÉ-SAL

Texto do resumo

A Bacia Sedimentar do Araripe (BSA) compreende uma área aproximada de 9.000 km2, recobrindo parte dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Sua gênese está associada à separação do supercontinente Gondwana, e consequentemente à abertura do Oceano Atlântico. Ao longo de sua evolução tectonossedimentar (durante o Cretáceo) as condições ambientais possibilitaram a deposição da Formação Ipubi, que é caracterizada por rochas (folhelhos betuminosos e evaporitos) análogas às rochas geradoras e camada de sal de sistemas petrolíferos da margem sudeste do Brasil. Esses evaporitos constituem extensas jazidas de gipsita (Polo Gesseiro Pernambucano). A Mineração Aroeira do Nordeste, localizada na borda sudoeste da BSA, conta com uma exposição de duas sequências evaporíticas, que variam de 4 a 5 metros em espessura cada, e são divididas por um horizonte estratigráfico regional (formado por uma sequência carbonática e siliciclástica de 20 a 60 centímetros). A Sequência Evaporítica Inferior (SEI) é composta pela intercalação de camadas milimétricas a centimétricas de gipsita (ca. 55%) e anidrita (45%), fortemente afetadas por dobramentos halocinéticos. A anidrita é branca e maciça, com cristais ripiformes de 50 mm, por vezes apresentando fraturas e pontos de hidratação. A gipsita apresenta duas gerações: uma formada por cristais castanhos milimétricos (3,5 – 5 mm), prismáticos e com seu crescimento alinhado ortogonalmente ao acamamento, e inclusões de anidrita; e a outra possui coloração branca, granulação fina (cristais de 100 mm), e hábito prismático a fibroso. Um intervalo de 60 centímetros da SEI, estratigraficamente controlado, foi amostrado e detalhadamente descrito no Laboratório de Geoquímica Aplicada ao Petróleo e Energia (LGAPE/i-LITPEG/UFPE). A partir de seu arcabouço textural, pôde-se interpretar uma sequência de precipitação para os sulfatos que compõem o intervalo, dividida aqui em estágios 1, 2 e 3. O estágio 1, refere-se à anidrita, que pode estar ligada à precipitação primária, a partir da salmoura, de cristais ripiformes. Diferentemente, dos estágios 2 e 3, que registram duas fases de gipsita tardias, e estariam ligadas à fase de hidratação da anidrita: onde o estágio 2 registra anidrita como inclusões, e o estágio 3 com a cristalização de gipsita fibrosa relacionada a etapas tardias de diagênese. Além disso, o material também foi preparado para análise por FRXp, de forma a obter-se as concentrações dos elementos químicos maiores, menores e traços. Através das concentrações obtidas para o intervalo estudado, pôde-se aplicar a razão Sr/Ca (0,95-5,31) para inferir sobre a fonte da salmoura de precipitação dessas rochas. Segundo a literatura, a razão Sr/Ca = 3 sugere limite de transição, entre assinaturas continentais vs. marinhas. Os valores obtidos para o intervalo estudado indicam que os sulfatos foram depositados em um ambiente lacustre salino (Sr/Ca < 3), sujeito a influxos marinhos (Sr/Ca > 3). A partir dos dados petrográficos, correlacionam-se os minerais essenciais (anidrita e gipsita) da Fm. Ipubi ao último ciclo de deposição evaporítica da Bacia de Sergipe (ocorre apenas sulfatos de cálcio). Além da correlação textural encontrada com a Bacia do Espírito Santo, onde ocorre anidrita primária com texturas de hidratação similares às encontradas neste estudo.

Palavras Chave

sulfatos; geoquímica inorgânica; paleossalinidade

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Gabriel Coelho Silva Albuquerque, Thales Lúcio, João Adauto Souza Neto