51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DEPÓSITO DE OURO DA MINA CUIABÁ, QUADRILÁTERO FERRÍFERO: CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS EM PROFUNDIDADE E SEUS IMPACTOS GEOMETALÚRGICOS

Texto do resumo

A Mina de Cuiabá, localizada na região nordeste do Quadrilátero Ferrífero (QF), ao sul do Cráton São Francisco, é atualmente uma das minas de ouro em operação mais profundas do Brasil. Na região, rochas pertencentes ao cinturão de greenstone Rio das Velhas, de idade arqueana, e uma associação de rochas vulcânicas máficas-ultramáficas, vulcânicas-químicas-sedimentares e clásticas-químicas-sedimentares. O depósito é do tipo ouro orogênico, e possui três estilos de mineralização caracterizados na mina. Os corpos principais são hospedados em formações ferríferas bandadas (FFB) do tipo Algoma em estilo estratiforme, onde há substituição total ou parcial por sulfetos em camadas ricas em Fe. Os outros dois tipos de mineralização compreendem corpos secundários, sendo que o segundo tipo tem ouro disseminado em rochas metavulcânicas, em porções hidrotermalmente alteradas e associadas a zonas de cisalhamento. O terceiro tipo está associado a veios de quartzo±carbonato±sulfeto hospedando ouro livre. Os corpos de minério são controlados estruturalmente e associados a zonas de alteração hidrotermal. A paragênese mineral mostra uma predominância de pirita, pirrotita e arsenopirita. A mina Cuiabá atingiu o nível 23, a aproximadamente 1.548 m, sendo atualmente minerada nos níveis 21 e 22 nos corpos de minério principais. Nos últimos anos, atividades como desenvolvimento, mineração e perfuração exploratória estão concentradas abaixo do nível 20. Isto leva à competição por recursos de infraestrutura e de espaço físico. Há também, a necessidade de comprovar a viabilidade do minério em profundidade para garantir investimentos futuros no negócio. Os estudos conduzidos por este trabalho vem desenvolvendo a caracterização mineralógica e as proporções dos diferentes tipos de sulfetos em profundidade. Objetiva-se caracterizar as mudanças na concentração de elementos traços e contaminantes presentes na mineralização, e sua evolução de acordo com o avanço dos níveis desenvolvidos na mina em profundidade. Análises geoquímicas multielementares via LA ICP MS estão sendo realizadas para caracterização detalhada dos sulfetos, e os dados serão comparados a trabalhos previamente publicados, permitindo a comparação do minério entre os níveis superiores e os níveis mais profundos da mina. Em interpretações iniciais já é possível observar uma redução do enxofre e um aumento na ocorrência de elementos contaminantes como o As e Cu. Testes metalúrgicos em escala de bancada são realizados na rotina da operação. Através destes, também são observados, por exemplo, uma redução na concentração de enxofre durante o processamento do material concentrado, principalmente nas etapas de gravimetria e flotação. E através das descrições petrográficas, também revela-se um aumento na proporção de pirrotita em relação à pirita, em determinadas porções dos corpos de minério, o que evidencia mudança em sua paragênese mineral. Definir estas variações irá contribuir na previsibilidade dos impactos a longo prazo no processamento metalúrgico do minério. Estes impactos se revelam através das taxas de recuperação de ouro e nas quantidades e tipos de reagentes que deverão ser adaptados na rotina da planta. Dessa forma, o presente trabalho visa contribuir para suportar os desafios enfrentados no aprofundamento de uma operação de mina de ouro, bem como contribuir para o conhecimento metalogenético de uma jazida de ouro de classe mundial no contexto proposto.

Palavras Chave

Ouro; Quadrilátero Ferrífero; geometalurgia; Mina Cuiabá.

Área

TEMA 10 - Geometalurgia

Autores/Proponentes

Suellen Olívia Pinto, Mariana Gazire Lemos, Daniel Tonini Peterle, Ricardo Oliveira Mabub, Louis Cloete, Lydia Maria Lobato