51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO HIDROGEOLÓGICO DA LAGOA DO SUMIDOURO, PEDRO LEOPOLDO (MG), AO LONGO DOS ÚLTIMOS 40 ANOS

Texto do resumo

A Lagoa do Sumidouro é um importante marco geográfico de Pedro Leopoldo, cerca de 45 quilômetros ao norte de Belo Horizonte. A lagoa está situada dentro do Parque Estadual do Sumidouro e da Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa. Está inserida em um contexto geológico de terreno cárstico bem desenvolvido, em meio a rochas carbonáticas neoproterozóicas. Apresenta média pluviométrica anual de 1213 mm, com chuvas concentradas no verão e inverno seco. É um corpo d’água de regime intermitente, porém ao longo das últimas décadas apresentou uma considerável diminuição em seu volume durante as estações de chuva, junto de um aumento na duração dos períodos em que se encontra seca: atualmente a lagoa passa pela maior seca registrada desde 2012. Dessa forma, a execução deste trabalho teve como objetivo entender a dinâmica hídrica da lagoa e seu comportamento diante dos eventos pluviométricos, investigando e avaliando possíveis causas para sua mudança no padrão de comportamento hidrológico. O estudo serviu como trabalho de conclusão do curso de Geologia na UFMG - Macedo & Alvarez (2021). Para tanto, várias análises geoespaciais e hidrogeometeorológicas foram conduzidas, com a criação de um modelo batimétrico, utillizado para calcular variações volumétricas em toda a série histórica levada em consideração (1980 até 2020). O modelo batimétrico foi executado através do uso de imagens de satélite. Foi traçada a evolução da lâmina d’água ao longo dos anos e calculada a profundidade a partir de dados provenientes de modelos digitais de elevacão, dados de campo e evidências encontradas por Tavares (2020). Dados históricos de temperatura e pluviometria de estacões meteorológicas adjacentes foram empregados na análise de balanço hidroclimático pelo método de Thornthwaite & Mather (1955) da lagoa, bem como aplicados nas variações volumétricas obtidas a partir da batimetria. Foram utilizados também estudos estatísticos, como a correlação cruzada (Ferrari e Karmann, 2008) para prover uma análise mais assertiva sobre a relação entre lagoa e pluviometria local. Por fim, foi feita uma estimativa da capacidade de drenagem do sumidouro no fundo da lagoa, exutório único da bacia da Lagoa do Sumidouro, através de um balanço de massa. Essas investigações ajudaram a entender os ciclos de cheia e seca pelos quais passou a Lagoa do Sumidouro. Conforme Macedo & Alvarez (2021), foi possível segregar dois comportamentos principais: no primeiro, até 2002, a lagoa apresentava ciclos de seca curtos e predominância de anos de cheia, e a partir de 2002, a lagoa apresentou pouquíssimos anos de cheia, com predominância de ciclos de seca. Além disso, foi possível constatar que existe uma grande relação entre os ciclos pluviométricos e volumétricos. Esses fatores reforçam a pluviometria como principal fator de alimentação da lagoa. Não se descarta a influência de outros fatores, tais como captação de água por poços tubulares profundos nas redondezas, porém é provável que o aumento da temperatura registrado ao longo das últimas décadas tenha impactado de forma considerável a quantidade de água que chega à lagoa, visto que a precipitação também tem apresentado leve tendência de queda. Dessa forma, é improvável que a Lagoa do Sumidouro se recupere naturalmente, devido à tendência de deficit hídrico.

Palavras Chave

Carste; Balanço Hídrico; Sensoriamento Remoto.

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Gabriel Costa Alvarez, Caio Augusto Reis Macedo, Rodrigo Sérgio De Paula, Paulo César Horta Rodrigues, Leila Nunes Menegasse Velásquez