51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Desvendando a Geodiversidade de Ribeirão Claro (PR): Potencial para Geoconservação e Turismo Sustentável da Área Especial de Interesse Turístico Angra Doce

Texto do resumo

Angra Doce refere-se a uma Área Especial de Interesse Turístico, criada pela Lei Federal nº 13.921 de 2019, cujos estados envolvidos (SP e PR) assinaram em 2023 um protocolo de intenções para fomento e promoção. A área compreende 15 municípios (paulistas e paranaenses) banhados pela represa de Chavantes (Chavantes, Ribeirão Claro, Carlópolis, Siqueira Campos, Ourinhos, Salto do Itararé, Timburi, Ipaussu, Canitar, Fartura, Itaporanga, Piraju, Bernardino de Campos e Barão de Antonina). Inserida na bacia do Rio Paranapanema, seu caráter especial dá-se pelos sítios arqueológicos, feições geológicas singulares ligadas à quebra do Gondwana Ocidental, geomorfológicas como as cuestas, além de feições do patrimônio arquitetônico e histórico. O represamento das águas deu origem a um lago de singular beleza cênica e elevado potencial turístico. Apesar de decorridos 30 anos desde o marco inicial do crescente interesse e valorização da geodiversidade, geoconservação e do geoturismo, o mapeamento sistemático e inventariação em escala municipal da geodiversidade do território brasileiro ainda é um grande desafio. Esta pesquisa busca contribuir com essa lacuna, por meio do levantamento sistemático da geodiversidade do município de Ribeirão Claro (PR), voltado para subsidiar programas de divulgação e letramento científicos, geoeducação e geoturismo sustentável. A metodologia adotada envolveu revisão da literatura e diagnóstico das características físicas e sociaoambientais do município por meio de dados geoespaciais de livre acesso de órgaos públicos e processados em SIG (QGIS, ARCGis), tendo como base o MDE Copernicus 30 m, além de trabalho de campo e uso de drone. Os resultados demonstram que a geodiversidade do município é ligada a importantes fatos da história geológica do planeta (formação e quebra do Gondwana Ocidental) e da evolução geomorfológica cenozoica (bacia do rio Paranapanema e cuestas arenito-basálticas), além da cultura material de povos préhistóricos e de patrimônio histórico e geopatrimônio construído. O mosaico de geosítios reúne feições singulares geradas pelo vulcanismo ácido e toleítico associados à Província Paraná-Etendeka (contatos entre traquidacitos e arenito Botucatu, xenólitos métricos, diques de diabásio associados ao Lineamento Guapiara), pelo deserto Botucatu (paleodunas) e pela elaboração das cuestas (morros testemunhos, escarpas, cachoeiras e corredeiras, depósitos pretéritos de landslides, rios de cor esmeralda sobre leito rochoso de dacitos/traquidacitos, diabásios e basalto). A junção de tais feições com o lago da represa de Chavantes imprime paisagens de elevada beleza cênica, responsável por formentar atividades ligadas a diversas categorias de turismo (rural, de aventura, náutico, religioso). Dentre os atrativos históricos, destacam-se casarões da época do café, a Ponte Pênsil sobre o rio Paranapanema tombada pelo IPHAN e coretos e patrimônio arquitetônico com casas que marcam diferentes épocas e estilos bem conservadas. O geopatrimônio construído é formado por terreiros de café, calçamentos de igrejas, praças e calçadas de arenito Botucatu, este extraído por pedreiras do município e entorno. Os resultados apontam uma geodiversidade de elevado valor e potencial para o o turismo sustentável e para a importância de programas de educação ambiental voltados para educação formal e não-formal, reforçando o turismo científico e a geoconservação por meio da divulgação e letramento científicos.

Palavras Chave

Geoturismo; educação ambiental; Cuestas; geopatrimônio; Geomorfologia

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

Marcilene Santos, Donizeti Aparecido Pastori Nicolete