51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO DO FOOTPRINT GEOQUÍMICO DA MINERALIZAÇÃO DE OURO NO DISTRITO MINEIRO DE JACOBINA, BAHIA

Texto do resumo

A produção de ouro no distrito mineiro de Jacobina, Bahia, data desde o século XVIII e tem papel fundamental para a economia da região até os dias de hoje. O forte controle sedimentar da mineralização faz com que os depósitos de Jacobina sejam frequentemente assemelhados aos depósitos de Witwatersrand, África do Sul, e outros depósitos tipo placer. O objetivo deste trabalho é delinear as assinaturas geoquímicas da mineralização de Jacobina, utilizando análise dos componentes principais e mapas auto-organizáveis, a fim de apoiar a continuidade dos trabalhos exploratórios no contexto near mine. Os resultados foram alcançados a partir da aplicação de metodologias de análise estatística e classificação não supervisionada. Para tanto, foram selecionados três corpos mineralizados, João Belo Sul, Canavieiras e Serra do Córrego que se estendem em direção NS ao longo de 14km na bacia de Jacobina. Um total de 3048 amostras foram coletadas em furos de sondagem realizados nesses três alvos, o processo de amostragem foi feito ao longo de todos os furos coletando amostras de 50cm para análises litogeoquímicas. Foram realizadas análises multi elementares utilizando ICP-MS (Espectrômetro de massa com plasma indutivamente acoplado). Também foram coletadas amostras para confecção de lâminas petrográficas com o objetivo de caracterizar a mineralogia e textura das zonas mineralizadas. A abordagem iniciou-se com estatística univariada a partir de diagramas boxplot, seguindo para estatística multivariada com a análise do componente principaL (PCA) e finalizando com uma comparação com o algoritmo de mapas auto-organizáveis (SOM). A partir da primeira etapa da análise do componente principal foi possível caracterizar o background geoquímico dos metaconglomerados em cada um dos alvos. Para João Belo Sul obteve-se a associação U-As-Te-Bi-Sb-Pb-Cr-Th-Sr-Hf-Zr-P, ressaltando a afinidade com elementos litófilos e com fases sulfetadas, em Serra do Córrego a associação Al-Na-Ti-Rb-K-Nb-Sc, tipicamente constituída de elementos litófilos incluindo álcalis, sugere a influência de fluidos hidrotermais e, para Canavieiras, Ni-Fe-Mo-Li-Mg-Mn-Au-S-Co-Cu reflete correlações entre os corpos intrusivos máficos e a mineralização de Au. Em um segundo momento a análise do componente principal foi aplicada novamente com o objetivo de caracterizar a assinatura da mineralização de ouro em cada alvo. Foram identificadas associações entre o ouro e elementos calcófilos. A última etapa foi o emprego de mapas auto-organizáveis para melhor visualização e clusterização das associações geoquímicas. O resultado alcançado pelo SOM se mostrou mais avançado que o resultado da PCA. Além das associações do Au com elementos calcófilos como Ag, As, Sb, Bi, Mo, Pb e Fe, o SOM mapeou outras duas assinaturas para o alvo Canavieiras, Au-Mg-Ni-Zn, interpretado como associado as rochas máficas abundantes neste alvo, e o ouro livre, possivelmente relacionado a mineralização presente em fraturas e falhas geradas durante os eventos tectônicos que afetaram a Bacia Jacobina. Interpreta-se que a coexistência de três fases de mineralização distintas em Canavieiras é o motivo pelo qual esse alvo apresenta os maiores teores de ouro na área de estudo, ilustrando a importância de fluidos hidrotermais para a reconcentração da mineralização, gerando zonas de alto teor. Os resultados obtidos com essa pesquisa são inovadores e contribuem positivamente com a manutenção dos programas exploratórios na região.

Palavras Chave

Distrito Mineiro de Jacobina; Análise do componente principal; Self-organizing maps; prospecção geoquímica;

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

Beatriz Dantas Rabelo Almeida, Catarina Laboure Bemfica Toledo, Adalene Moreira Silva, Gustavo Rodovalho Marques, Gabriel da Silva Seidler