51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ARQUITETURA FACIOLÓGICA DE DEPÓSITOS DE MARÉS DA FORMAÇÃO MORRO DO CHAPÉU, CHAPADA DIAMANTINA – BA

Texto do resumo

Marés são fenômenos resultantes da atração gravitacional gerada pelo sistema Terra-Lua-Sol sob os oceanos, associada à rotação da Terra, bem como a outras forças físicas presentes no sistema. Os depósitos sedimentares de maré registram a mudança periódica na velocidade e direção das correntes entre as marés alta e baixa, produzindo estruturas primárias características como: ritmitos, estratos com estruturas cruzadas tipo espinha de peixe, tidal bundles, cordões de maré e dunas compostas de marés. A distribuição das fácies de maré está relacionada a fatores como: (i) regime hidráulico; (ii) natureza e origem do suprimento de sedimentos; e (iii) nível do mar. A Formação Morro do Chapéu, Supergrupo Espinhaço, na porção central do Cráton São Francisco, recobre uma grande área da Chapada Diamantina, Bahia. Sendo composta por conglomerados basais sobrepostos por arenitos finos, gradando para arenitos e pelitos intercalados, interpretados como um sistema de plataforma dominado por onda em que por um dado momento tem a ação das marés incrementada devido a mudanças morfológicas. Estudos recentes mostram que a análise de dados das marés atuais indica que as premissas básicas sobre os processos de maré do Pré-Cambriano podem ter sido simplificadas, com consequente atenuação das incertezas envolvidas. Assim, o presente estudo tem como principal objetivo a caracterização dos processos oriundos dessas correntes, visando descrever a dinâmica dos processos sedimentares do sistema deposicional e compreender a variação das marés durante o Neoproterozóico. Com esse objetivo, realizou-se a descrição e interpretação de seis modelos 3D de afloramentos - três painéis e três meio-blocos com duas faces - identificando as diferentes fotofácies a partir da geometria externa, configuração interna (cor, textura e estruturas) e tamanho (comprimento e espessura). O sistema de plataforma, durante o shoreface, forma um complexo de dunas compostas, caracterizado por quatro formas de leito: macroformas compostas (com espessuras de 35cm até 1,55m), macroformas simples (com espessuras de 20cm até 30m), dunas cavalgantes acrescionárias (com espessuras de 90 cm até 1,40 m) e erosivas (com espessuras de 28 cm até 95 m). Esses elementos são formados por estratificações cruzadas tangenciais, estratificações cruzadas sigmoidais, marcas de ondas, laminações de baixo ângulo, que refletem uma acresção frontal. Devido à disposição da sobreposição dos elementos arquiteturais – macroformas composta, simples, dunas cavalgantes acrescionárias e erosivas - é possível observar uma diminuição de energia, taxa de sedimentação, acomodação e erosão diminuindo no sentido das dunas cavalgantes. As correntes de marés foram analisadas de forma qualitativa por meio dos tidal bundles preservados nas formas de leito. Intervalos de deposição de areia/lama, que caracterizam a periodicidade dos ciclos sizígia/quadratura. As marés de sizígia com um espaçamento (12 a 33.1 cm) maior entre os estratos de lama, mostrando que durante esse intervalo ocorreu deposição de areia. Já o oposto é observado nos intervalos de quadratura onde o intervalo é menor entre os estratos de lama (4 e 15 cm). Levando em consideração os tamanhos similares das formas de leito proterozóicas com as atuais, mas apresentam velocidades semelhantes às atuais, contudo, diversos autores propõem modelos onde a órbita do sistema Terra-Lua vem se afastando com o tempo.

Palavras Chave

Modelos 3D de Afloramento; Mesoproterozóico; Supergrupo Espinhaço.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Valquíria Tavares Macario, Ezequiel Galvão de Souza, Claiton Marlon dos Santos Scherer, Manoela Bettarel Bállico, Felipe Guadagnin, Alisson Souza dos Santos, Eduardo Roemers de Oliveira