51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

A PEDRA CANGA COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE CUIABÁ-MT

Texto do resumo

Introdução. A cidade de Cuiabá teve na década de 1720 um significativo desenvolvimento por conter, nas rochas e no solo, o minério de ouro. Este foi um fator que desencadeou seu crescimento durante alguns anos. Porém, a falta de facilidade de encontrá-lo e prospectá-lo com as ferramentas rudimentares da época, fez com que a subsistência econômica fosse alterada para outros meios. A cidade cresceu às margens do Rio Cuiabá e fez uso de algumas rochas e minerais nos alicerces das suas construções. A pedra canga é um destes materiais os quais foram utilizados em larga escala nos prédios históricos e nas comunidades próximas ao rio.
Objetivos. Este trabalho tem por objetivo mostrar os usos da pedra canga como alicerce nas construções e também como revestimento em vários locais de Cuiabá. Mas porque a pedra canga foi, e ainda é, tão utilizada? Porque ela poderia ser considerada uma ‘pedra patrimônio local’? A IUGS (HSS, 2022) elenca os requisitos necessários para que uma rocha seja denominada de “pedra de patrimônio”. A intenção não é tornar a pedra canga uma “pedra patrimônio”, mas estabelecer, a partir da coleta de dados na zona urbana, que ela é um marco na edificação da cidade, e assim descrevê-la como um patrimônio histórico e cultural.
Resultados. A pedra canga pode ser descrita como o resíduo do processo de laterização, onde óxidos de ferro hidratados são precipitados na superfície ou em sua proximidade. Devido ao seu comportamento pouco inerte ao intemperismo químico e bastante resistente à meteorização mecânica ela protege as rochas mais suscetíveis à erosão e lixiviação, permitindo assim, a formação de chapadas e serras. No início do século 20, Mawe (1922) define como “uma formação de argila avermelhada com a presença de caulinita, goetita, oligisto dentre outros minerais”. Em função de ocorrer nas proximidades de Cuiabá, a pedra canga foi amplamente utilizada nos primeiros edifícios da região central. De acordo com estudos prévios (Costa et al, 2021) há uma série de construções em que é utilizada a pedra canga. Um dos pontos pesquisados, a pedra serviu de fundação para o Palácio da Instrução, onde, atualmente, também está no muro que cerca o palácio. Próximo ao palácio, a primeira Igreja Presbiteriana de Cuiabá tem todo muro frontal constituído por pedra canga. Em uma via de acesso muito utilizada da cidade, Av. Miguel Sutil, na alça de acesso a rodoviária interestadual, toda a sua calçada é ornamentada com pedra canga. Apesar de ser muito útil, a pedra canga não tem uma beleza intrínseca como o mármore e o granito. Ela tem uma variação de cor que reflete a sua mineralogia, quase sempre em tons amarronzados e avermelhados.
Conclusões. A pedra canga está em diversos locais da cidade e também ornamenta o muro tombado (lei estadual) do Cemitério da Piedade em Chapada dos Guimarães-MT. Pela sua ampla distribuição e visibilidade, a pedra canga é sinônimo de geodiversidade em Cuiabá. Mesmo sem a beleza estética de outras rochas, pode-se concluir que a cidade tem uma pedra patrimônio cultural: a pedra canga.

Palavras Chave

Pedra Canga; Cuiabá; Geodiversidade

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

Ana Cláudia Dantas Costa, Carlos Humberto Silva