51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DOLOMITOS ZEBRA: EVIDENCIAS DE HIDROTERMALISMO DOLOMÍTICO NA BACIA ARARAS-ALTO PARAGUAI, SUL DO CRÁTON AMAZÔNICO.

Texto do resumo

A ocorrência de rochas carbonáticas bandadas com camadas rítmicas de dolomitos escuros e claros intercalados são feições diagnosticas da textura dolomítica zebrada (zebra dolomite). Essas rochas são importantes por frequentemente hospedarem mineralizações de metais básicos, economicamente importantes, como Pb e Zn e reservatórios de hidrocarboneto. Os dolomitos ediacaranos da Formação Serra do Quilombo, na Bacia Araras-Alto Paraguai (Faixa Paraguai Norte) são um exemplo desse tipo de depósito, porém pouco se sabe sobre a origem e relevância econômica dessas rochas. Para desvendar a origem desse depósito, as rochas foram medidas em campo e as amostras de dolomita zebra foram analisadas usando petrografia, catodoluminescência (CL) e microscopia eletrônica de varredura (MEV-EDS). As rochas zebradas ocorrem em corpos centimétricos a métricos, concordantes ao acamamento primário, onde se observa uma variação na espessura rítmica das camadas, podendo ter tamanhos milimétricos a centimétricos. As bandas podem ter contatos retos (milimétricos), formando corpos com estratos contínuos ou terem contatos ondulados (milimétricos e centimétricos) formando corpos com estratos contínuos e/ou descontínuos, gerando corpos stratabounds e/ou cruzados. Em seções delgadas, as camadas cinza são predominantemente compostas por uma matriz finamente cristalina (near-micritic - RD) de luminescência roxa fosca uniforme, enquanto que as camadas brancas são compostas por cristais médios a muito grossos de: dolomita planar-e (DC) com luminescência concêntrica vermelha a não luminescente; calcita em blocky (CC) com luminescência concêntrica de vermelho a não luminescente; e principalmente dolomita não-planar, com extinção ondulante (dolomita em sela - SD), aspecto turvo e luminescência concêntrica com tons de rosa. Embora não haja um consenso sobre a origem dessas rochas, o principal mecanismo de formação da dolomita zebra se dá através da cimentação em espaços formados por fraturas dilatacionais, vugs de dissolução e/ou substituição seletiva, particionando as camadas. As texturas e a mineralogia do depósito implicam em uma percolação de fluidos hidrotermais através dos espaços intra-leitos, sendo a SD o principal constituinte das bandas claras e um produto característico de hidrotermalismo dolomítico. As diferenças texturais e de CL entre as bandas, evidencia dois mecanismos de dolomitização distintos, as bandas cinza (RD) são consideradas originárias da dolomitização precoce do calcário e foi posteriormente percolado por fluidos hidrotermais, formando as bandas brancas. A diferença entre a espessura e o tipo de contato (curvo ou reto) entre as camadas, tem uma relação direta com arcabouço (permoporosidade) da rocha hospedeira no momento da percolação do fluido e da capacidade de dissolução e/ou sobrepressão desse fluido. Além disso, a força de crescimento dos cristais durante a substituição do calcário (dolomitização RD) e o mecanismo de precipitação-dissolução-precipitação cria espaços abertos e consequentemente gera um sistema de fraturas que também estão susceptíveis a dissolução e preenchimento pelo cimento dolomítico (DC e SD). Dessa forma, um único modelo genético não pode ser aplicado para explicar todas as características da textura zebra, mas há uma clara evidência de variação no tipo de textura em relação a proximidade com a fonte do fluido dolomitizante.

Palavras Chave

Dolomitização hidrotermal; Formação Serra do Quilombo; Petrografia; Catodoluminescência.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Leandro Freitas Sepeda, Afonso Cesar Nogueira, Renan Fernandes Santos, Argel Nunes Sodré, Meireanny Gonçalves Aquino, Taynara Martins, Bruno Scudeiro Espinosa