51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CALCÁRIOS FOSSILÍFEROS E ARTE SACRA: A PALEONTOLOGIA ECLESIÁSTICA NA BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ

Texto do resumo

A Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, construída no estilo neoclássico durante o século XX, tornou-se não apenas uma edificação religiosa e símbolo da fé paraense, mas também um Patrimônio Cultural e Geológico devido aos materiais ornamentais presentes. Destacam-se entre eles materiais provenientes de países europeus como Itália e Portugal, como o mármore Rosso Verona e sua variedade Giallo di Verona, que apesar de serem designados comercialmente como mármore, são classificados como calcários fossilíferos amoníticos. Além do Calcário Lioz, também presente na basílica. Nessa perspectiva, é válido ressaltar a exuberante beleza da ornamentação nestas rochas e sua grande diversidade paleontológica. De tal modo, levando em conta o alto conteúdo fossilífero e sua relevância patrimonial, faz-se necessário um aprofundamento na caracterização geológica desses materiais. Sob esse viés, foram realizadas visitas no templo religioso, identificando-se a presença de fósseis de cefalópodes da subclasse Ammonoidea, com tamanhos centimétricos, classificados de acordo com sua sutura em forma de padrões "zigue-zague" como goniatítica, que surgiram no início do Devoniano e foram extintos durante o Permiano. Esses fósseis são comumente associados ao material pétreo denominado popularmente como mármore Rosso di Verona, uma rocha calcária nodular de tons vermelho claro a escuros, amplamente visível em muitos ornamentos da basílica. Similarmente, foram encontrados alguns exemplares de amonites de tamanhos decimétricos na variedade Giallo di Verona, caracterizada como uma rocha calcária nodular com estilólitos ricos em goethita e tons amarelo forte, sendo correspondente ao período Jurássico-Cretáceo. Seguindo a caracterização do conteúdo fossilífero da ornamentação eclesiástica, nos calcários Lioz, caracterizados como um calcário microcristalino, de coloração bege a rosa claro e idade Cretácea, observa-se fósseis de rudistas, entre os quais se destacam o grupo dos radiolitídeos e os caprinulídeos, estes distinguíveis por sua forma cônica. Vale ressaltar que algumas feições desse gênero apresentam alto grau de preservação, permitindo a identificação dos canais piriformes, próximos ao exterior da concha, e os canais poligonais, próximos ao interior da estrutura. No caso dos radiolitídeos, apresentam um aspecto fibroso e um tamanho variável de 5 a 9 cm, apresentando-se em diferentes cortes, tanto transversal como longitudinal. Ainda no calcário Lioz, é possível identificar em menor abundância gastrópodes característicos do período Jurássico-Cretáceo do gênero Nerinea, com tamanho aproximado de 8 centímetros. Desse modo, este trabalho demonstra a importância da implementação de abordagens geocientíficas, como a classificação petrográfica e paleontológica dos diversos materiais ornamentais que integram o patrimônio cultural e material de Belém, fortalecendo os processos de apropriação social do conhecimento científico e a valorização da paleontologia eclesiástica como parte do patrimônio da Igreja Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. Além disso, contribui, principalmente, para o incentivo a novas práticas de geoturismo na cidade de Belém e evidencia a grande diversidade paleontológica presente na ornamentação de muitas construções religiosas do Brasil.

Palavras Chave

Patrimônio; Paleontologia; Geoturismo; Geologia eclesiástica

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

José Fernando Rodrigues Ferreira Filho, Kauã Maia Pacheco, Joelson Lima Soares, Giovana De Freitas Brabo, Luiz Gustavo Castellani da Fonseca Neto, Laura Estefania Garzón Rojas