51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ESPECTROSCOPIA DO INFRAVERMELHO DA FRAÇÃO ARGILA: APLICAÇÃO FORENSE EM SOLOS DA BAIXADA FLUMINENSE, RJ

Texto do resumo

A Baixada Fluminense, estado do Rio de Janeiro, é uma região conhecida pelas altas taxas de homicídio, e em torno de 90% deles permanecem sem elucidação. Por sua vez, os solos podem ser utilizados como vestígios de fácil obtenção e com alto potencial para associar suspeitos a locais de crime, ou seja marcadores forenses. Neste contexto, o presente trabalho foi desenvolvido no escopo do projeto Propriedades físicas, químicas e mineralógicas de solos como ferramenta forense: A elaboração de um banco de dados de solos aplicado à Baixada Fluminense (FAPERJ). Neste projeto mais de 50 amostras de topo do solo foram coletadas e analisadas na fração menor que 63 μm (silte e argila) para composição mineralógica e elementar, montando um banco de dados. Entre elas foram selecionadas 5 amostras distantes de 20 a 40 km nos municípios de Belford Roxo e Nova Iguaçu para avaliar o potencial do uso individualizado da fração argila (menor que 2 μm). Estas apresentaram entre 85 % e 95 % de caulinita, até 11 % de goethita e até 6 % de gibbsita, com similaridade de composição elementar. Como as técnicas utilizadas (DRX e FRX) apresentaram limitações para a diferenciação estatística e espacial destas amostras, objetiva-se testar a capacidade do método de Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) na geração de fingerprints eficientes para solos forenses. Em trabalhos anteriores, utilizaram o método FTIR-ATR, e a análise gráfica resultante permitiu determinar as razões entre os picos espectrais, que possibilitaram a identificação da caulinita nas amostras (razão 1000/905). A separação da fração argila foi realizada pelo método da centrífuga, e dividida em 2 alíquotas, sendo a primeira nomeada como “amostra normal”. A segunda foi submetida ao tratamento por DCB (ditionito-citrato-bicarbonato) e rotulada como “amostra desferrificada”. As frações de cada amostra foram analisadas pelo espectrômetro Thermo Nicolet IS50 FTIR, do Laboratório Multiusuário de Espectroscopia LAME-UFF. Os espectros foram feitos no modo absorbância, na região do MID (4000 a 400 cm-1), com uma resolução de 4 cm-1 e normalizados (OriginPro), com o intuito de se estabelecer razões entre valores de absorbância de determinados comprimentos de onda (bandas). A razão entre as bandas de 1000 e 905, relacionadas às ligações Si-O e Al-OH respectivamente, apresentou valor 1,55, típico da caulinita, para todas as amostras. Para diferenciar as amostras, as bandas de 460 e 426 das ligações Fe-OH foram promissoras. As amostras com 95% de caulinita foram discriminadas por razões 460/905 entre 1,52 e 1,73. Quando foram desferrificadas, as amostras apresentaram uma diminuição na razão 1000/905, indicando que existe uma interferência da goethita e dos óxidos/hidróxidos amorfos de Fe nas bandas pertencentes a Al e Si. A razão Al/Si nas amostras normais e desferrificadas permaneceu a mesma (1,0-1,1), mas a razão Al/Fe aumentou nas últimas, sendo que não igualmente entre as amostras. Isto sugere que a desferrificação pode gerar um bom fingerprint para caulinitas com diferentes graus de substituição de Fe por Al nos sítios octaédricos.

Palavras Chave

FTIR; Caulinita; ferro; Absorbância; Banda.

Área

TEMA 07 - Geoquímica Médica e Forense

Autores/Proponentes

Kaory Aono Cabral