Dados da Submissão

Título

Análise morfotectônica do Valles Marineris

Texto do resumo

O Valles Marineris (VM) é uma das mais marcantes morfoestruturas na superfície de Marte. Estende por 400 km, chega a 11 Km de profundidade e ultrapassa os 55 km em seu trecho mais largo. Não existe em nenhum lugar conhecido na Terra, ou em qualquer outro corpo celeste já observado, um sistema de vales desse porte. A origem dessa grande morfoestrutura foi inicialmente atribuída a um gigantesco sistema de rifts gerados em um ambiente tectônico distensivo, hipótese que ainda permanece como a mais aceita entre os pesquisadores. Entretanto, existem trabalhos que divergem dessa gênese tectônica, atribuindo outros processos no seu desenvolvimento. Dentre esses se destaca a possibilidade do VM ser configurado por uma zona de falha transtensional, possuindo similaridades com o Mar de Mármara, localizado entre a península da Anatólia e o Continente Europeu. Existem diversas complexidades para se obter uma resposta definitiva para esse debate, a maior delas quanto a impossibilidade de obtenção de informações diretas, sendo todas as informações existentes provenientes de sensores remotos. Entretanto, é possível correlacionar as feições geomorfológicas da região com análogas na Terra, das quais existem uma vasta bibliográfica discutindo seus ambientes geotectônicos e modelos de deformação. Nesse sentido, catalogamos diversas feições do relevo e subsistemas do VM e buscamos correlatos terrestre para esses. São comuns na periferia do vale feições de relevo compressivas, como ridges e dobras de propagação de falha. Inúmeros lineamentos de relevo negativos, com direção subparalela ao eixo do VM encaixam paleodrenagens, enquanto outros em padrão escalonado terminam no vale principal. Na porção ocidental do VM existem feixes de lineações em spray, sugerindo a terminação de transcorrências subsidiárias à falha principal. Outra feição que merece destaque são as elevações alongadas no interior do VM, que possivelmente foram moldadas com essa direção por se encontrarem no interior da zona de dano da Falha do Valles Marineris (FVM). Dessa maneira, a porção central e mais larga do VM, em forma semi-romboédrica, seria uma bacia do tipo pull-apart. Assim, essas feições analisadas sustentam a hipótese, cada vez mais debatida, de que o VM seja fruto de processos oriundos de um ambiente geotectônico transtensional. Mais estudos sobre morfotectônica do VM e das grandes plataformas que o circundam precisam ser realizados, porém os dados obtidos permitem vislumbrar a contribuição que nossa abordagem pode oferecer aos estudos da evolução do VM e do planeta Marte como um todo.

Palavras Chave

Geologia Planetária; Geomorfologia Tectônica; Valles Marineris; Falhas Transtensionais; Relevo de marte.