51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DESCRIÇÃO DA MORFOLOGIA MANDIBULAR E DENTÁRIA DE ROEDORES (RODENTIA, HYSTRICOMORPHA) DO DEPÓSITO QUATERNÁRIO DA RAVINA DAS ARARAS (APODI, RN).

Texto do resumo

Os pequenos roedores são o grupo mais diverso de mamíferos da América do Sul e ajudam a entender aspectos paleoambientais e paleoecológicos das regiões onde seus fósseis são registrados. Os fósseis de Hystricomorpha coletados e descritos neste estudo são provenientes da Ravina das Araras, localizada no Lajedo de Soledade (Apodi, RN, Brasil). Esse sítio calcário é um dos mais importantes em relação à quantidade de fósseis quaternários em depósitos de ravinas no país. Então, identificamos e descrevemos os materiais de pequenos roedores dos grupos Echimyidae e Caviidae (Rodentia, Hystricomorpha) do Quaternário da Ravina das Araras, comparando a fauna quaternária com a atual e apontando possíveis mudanças na região. O material foi triado, com base na morfologia mandibular e dentária, e limpos para remoção de sedimentos. Os fósseis foram identificados através de comparação com espécimes atuais da coleção Mastozoológica do Departamento de Vertebrados do Museu Nacional da UFRJ. A nomenclatura para descrição dentária seguiu bibliografia especializada. Por fim, o material foi fotografado em MEVFEI COMPANY-QUANTUM 250, no Laboratório Multi-usuário de Meio Ambiente e Materiais e medido em estereomicroscópio Zeiss Discovery v.12 steREO no laboratório de Paleontologia, ambos na UERJ. Foram identificados 42 espécimes: 2 Galea sp. (MNI = 2); 24 Kerodon sp. (MNI = 12); e 16 Thrichomys sp. (MNI = 4). Os materiais atribuídos a Thrichomys sp. (MLS 592 - MLS 603) foram identificados pela forma subcircular de seus dentes tetralofodontes e hipoflexo profundo, que penetram menos da metade da largura do dente. Os materiais atribuídos a Galea sp. (MLS 646 e 647) foram identificados pelos dentes biprismáticos euhipsodontes com pequena extensão no p4, além do hipoflexo característico e de um pequeno sulco na parte labial de cada prisma. Finalmente, os materiais de Kerodon sp. (MLS 624) apresentam dentição semelhante à Galea sp., porém a borda labial dos prismas dos molares são orientados posteriormente. Além disso, os materiais atribuídos a Galea sp. (MLS 646 e 647) são menores (MLS 646: Lp4: 2.7mm; Wp4: 2.1mm; Lm1: 2.7mm; Wm1: 2.5mm) e apresentam diastema estreito e curto enquanto os espécimes de Kerodon sp. são maiores (Média: Lp4: 3,5mm; Wp4: 2,9mm; Lm1: 3,2mm; Wm1: 3,0mm; Lm2: 3,5mm ; Wm2: 3,1mm; Lm3: 3,5mm; Wm3: 3,1mm) e apresentam diastema mais robusto. Kerodon possui duas espécies reconhecidas: K. acrobata, endêmica do cerrado, registrado em Goiás e, possivelmente, no Tocantins; e K. rupestris, com registros nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Minas Gerais. Galea possui 5 espécies viventes, porém apenas G. spixii e G. flavidens ocorrem em ambientes de cerrado e caatinga, com registros atuais em todo o nordeste brasileiro, exceto em Alagoas e Sergipe, tal qual Thrichomys. Contudo, Thrichomys tem 5 espécies descritas e somente 3 são encontradas no Brasil, com registros também em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Todos os táxons aqui registrados possuem registros atuais e quaternários do nordeste brasileiro, algo que não aponta mudanças na fauna de Hystricomorpha durante o Quaternário. Porém, apresentamos os primeiros registros dos gêneros Kerodon, Galea e Thrichomys para depósitos do Rio Grande do Norte. Investigações mais precisas estão em andamento, incluindo datações, para compreender o contexto paleoecológico, estratigráfico e geocronológico da fauna de roedores da região. [FAPERJ E26/203.534-2785555; E26/2002.272/2022-276441]

Palavras Chave

Echimyidae; Caviidae; Nordeste; Quaternário

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

MARIA EDUARDA PEREIRA MELLO DE CARVALHO VENTURA, SIMONE BAES DAS NEVES, HERMÍNIO ISMAEL ARAÚJO JUNIOR, JOÃO PAULO DA COSTA