51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CONTROLE ESTRATIGRÁFICO PRÉ-DEFORMACIONAL NA ESTRUTURAÇÃO DO CINTURÃO OROGÊNICO DA SERRA DO ESPINHAÇO MERIDIONAL, REGIÃO DA SERRA DO CIPÓ (MG)

Texto do resumo

Os parâmetros herdados dos ciclos de geração de bacias sedimentares exercem forte controle na arquitetura de cinturões orogênicos epidérmicos que margeiam áreas cratônicas. Saliências controladas pela bacia atingem seu ápice na região de seu depocentro, revelando a geometria herdada das estruturas do embasamento sobre a qual se desevolvem, função combinada da presença de discordâncias, das diferenças reológicas e das variações da espessura da pilha sedimentar.
Aqui são analisadas e contextualizadas a influência dos paramêtros bacinais revelados por Medeiros (2024) na terminação sul do cinturão de dobras e falhas da Serra do Espinhaço Meridional (f-t-belt SEM), região da Serra do Cipó. O f-t-belt SEM é um cinturão orogênico que descreve uma trajetória curva em planta, configurando uma saliência orogênica não rotacional, com concavidade para leste, apresentando inflexão na altura do paralelo 18°S. Não por coincidência, é também a região de máxima espessura do Grupo Conselheiro Mata (Supergrupo Espinhaço). O estilo estrutural presente na região da Serra do Cipó é compartimentado pelo rio Mascates, de direção NNW, e pelo rio Bocaina, encaixado no lineamento homônimo (LB), de direção EW e caracterizado como uma falha de rasgamento sinistral de pequeno rejeito. A leste do rio Mascates e a norte do LB predominam feixes de falhas de empurrão, de direção meridiana e com mergulhos para leste, materializando a inversão das unidades do Supergrupo Espinhaço sobre as unidades do Supergrupo São Francisco, caracterizando os domínios strictu sensu da faixa Araçuaí, a leste, e do cráton do São Francisco, a oeste. A sul do LB e a oeste do rio Mascates os falhamentos de empurrão estão ausentes, com os metassedimentos do Supergrupo Espinhaço sendo recobertos pelos metassedimentos do Supergrupo São Francisco por dois dobramentos assimétricos, expressos pelas anticlinais das serras das Caetanas e das Areias, vergentes para oeste, com direção axial NNW e caimento do eixo neste sentido. Este último compartimento não apresenta as relações estruturais que caracterizam a passagem de um típico f-t-belt para um cinturão de antepaís epidérmico. O compartimento dos dobramentos é também coincidente com a área de ocorrência da recém descoberta unidade rifte do Grupo Conselheiro Mata, com depósitos aluviais e fluviais associados a pelo menos dois meio-grábens invertidos, de direção meridiana e com falhas de borda mergulhando para leste. Este sistema de falhas reversas coalesce para sul, apresentando geometria em tesoura (scissor fault). De maneira geral, a herança tectônica na região da Serra do Cipó pode ser observada através da organização interna dos empurrões, dada pelas superfícies de descolamentos geradas entre o embasamento e a cobertura, caso do compartimento dos falhamentos de empurrão, e na região onde os descolamentos interagiram com as falhas dos meio-grábens invertidos, culminando com a nucleação das anticlinais das serras das Caetanas e Areias, que caracterizam o compartimento dos dobramentos. Neste contexto, o LB deve ter representado a zona de transferência nucleada durante o evento de rifteamento associado à deposição do Grupo Conselheiro Mata, trazendo à luz do conhecimento mais um episódio de tafrogênese que atingiu a margem oriental do paleocontinente do São Francisco e sua influência na estrutração do f-t-belt SEM, região da serra do Cipó.
Agradecimentos à FAPEMIG via processo APQ-02811-21, ao PPGECRN-UFOP e à CAPES/PROEX.

Palavras Chave

Herança tectônica; Cinturão Orogênico; Sistema Espinhaço Meridional; Serra do Cipó.

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Gabriel Barbosa Medeiros, Maximiliano Souza Martins , Gláucia Nascimento Queiroga , Antônio Vitor Condé Souza, Leon Dias Oliveira, Fernando Ciarallo, Fernando Flecha Alkmim , Ivo Antônio Dussin