51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ESTRATIGRAFIA DE ALTA RESOLUÇÃO COMO FERRAMENTA ESSENCIAL PARA A CARACTERIZAÇÃO, MODELAGEM E GERENCIAMENTO DE RESERVATÓRIOS DO PRÉ-SAL: ESTUDO DE CASO DO RESERVATÓRIO DE BRAVA DA BACIA DE CAMPOS

Texto do resumo

As acumulações gigantes da seção Pré-Sal das bacias sedimentares brasileiras destacam-se entre as maiores descobertas mundiais de óleo e gás. Apesar de mais de uma década de pesquisas, a caracterização e o zoneamento de seus reservatórios continuam sendo tarefas desafiadoras devido as muitas incertezas sobre sua complexa história evolutiva. O presente estudo de caso visa apresentar a caracterização do reservatório de Brava, localizado na seção Pré-sal da Bacia de Campos, utilizando a metodologia da estratigrafia de alta resolução. Tal metodologia permitiu a elaboração de um arcabouço cronoestratigráfico detalhado a partir da combinação de dados sísmicos e de poços. Assim, foram identificadas cinco hierarquias de sequências. As sequências de 1ª e 2ª ordem relacionam-se a fases distintas da evolução tectônica da Bacia de Campos. As sequências de 3ª a 5ª ordem constituem o produto sedimentar de ciclos transgressivo-regressivos (T-R) lacustre, em múltiplas escalas, dentro da configuração tectônica pós-rifte. Tais ciclos T-R, em todas as escalas, podem ser caracterizados por tendências faciológicas com potencial para determinar características petrofísicas críticas ao fluxo de fluido. Tratos regressivos registram fácies com alta porosidade de rochas carbonáticas in-situ e retrabalhadas, enquanto os tratos transgressivos ocorrem sedimentos predominantemente finos, com porosidade reduzida. Os dados obtidos por testes de formação a cabo ao longo de aproximadamente 10 anos de produção, evidenciaram boas conectividades laterais entre os poços, com distância média de aproximadamente 5km, mas também sugeriram a existência de barreiras de permeabilidade horizontal igualmente contínuas, que condicionam o fluxo de fluidos durante a produção. Através do zoneamento estratigráfico alcançado pode-se compreender que o comportamento de depleção se associava a configuração das sequências de 4a ordem. Ou seja, seus trados e superfícies correspondiam às heterogeneidades mais críticas para o fluxo de fluidos. Este resultado é determinante para a modelagem geológica 3D e, consequentemente, para o planejamento e para a gestão de produção. Modelos geológicos 3D devem incorporar tais aspectos estratigráficos para serem preditivos, e assim, suportar as tomadas de decisões operacionais. As estratégias de locação de novos poços e a abertura ou fechamento de zonas de produção dependem de destes modelos preditivos. Em reservatórios estratigraficamente segregados, como o reservatório de Brava, poços de injeção são imperativos. Com as múltiplas barreiras estratigráficas ao fluxo horizontal em toda a área, a entrada de pressão do aquífero de fundo tende a ser menor, necessitando a restauração de pressão artificial em zonas depletadas. Além disso, é essencial considerar que acumulações residuais podem ocorrer abaixo das zonas primariamente produzidas. Assim, o estudo apresentado aqui pode ser usado como referência não apenas para pesquisas em reservatórios do Pré-sal, mas também em qualquer outro reservatório uma vez que exemplifica como a estratigrafia de alta resolução é a pedra angular no esforço de caracterização. Sua aplicação é universal e tem importância estratégica na gestão de reservatórios, otimização da produção e aumento do fator de recuperação final de um campo.

Palavras Chave

Estratigrafia de alta resolução; Caracterização de Reservatórios; pre-sal; Bacia de Campos

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Daniel Galvão Carnier Fragoso, Anderson Henrique Melo, Lucas Arienti Gonçalves, Júlio Aratanha Maia Araujo, Rodrigo Brandao Bunevich