Dados da Submissão
Título
ANÁLISE ESTRUTURAL APLICADA A RECONSTRUÇÃO TECTONOESTRATIGRÁFICA DA SEQUÊNCIA METAVULCANO-SEDIMENTAR DE ABADIA DOS DOURADOS, ORÓGENO BRASÍLIA MERIDIONAL
Texto do resumo
A Sequência Metavulcano-Sedimentar de Abadia dos Dourados (SVSA), inserida na zona interna do setor meridional do Orógeno Brasília, apresenta uma evolução tectônica complexa, envolvendo estágios relacionados a ruptura de terrenos e amalgamação do supercontinente Gondwana. Este estudo buscou esclarecer parte dessa evolução, empregando a análise estrutural para reconstruir a tectonoestratigrafia da SVSA. Para isto, utilizou-se do mapeamento geológico, em escala de 1:25.000, da análise estrutural em diferentes escalas de observação e da análise petrográfica. A SVSA exibe uma clara distinção entre sua sequência metavulcânica e metassedimentar, denominadas como Unidade Inferior e Unidade Superior, respectivamente. A Unidade Inferior é composta por metariolito (K-feldspato-plagioclásio-quartzo-sericita filito), metabasalto (anfibolito), formação ferrífera bandada (magnetita-hematita quartzito) e turmalinito. A Unidade Superior é constituída por sericita filito, granada-sericita filito, sericita quartzito e turmalinito. O vulcanismo bimodal caracterizado na Unidade Inferior da SVSA é datado do Mesoproterozoico (ca. 1.28 Ga). A literatura disponível sugere a associação deste tipo de vulcanismo a um ambiente extensional, relacionado a um rifte continental. A SVSA apresenta uma forte correlação litoestratigráfica e geocronológica com outras sequências metavulcano-sedimentares no Orógeno Brasília (e.g., Juscelândia), indicando uma possível conexão mesoproterozoica entre terrenos tectonoestratigráficos que foram individualizados durante o Ciclo Brasiliano/Pan-Africano. Os padrões estruturais observados na SVSA indicam um encurtamento crustal de sudoeste para nordeste, relacionado a colisão obliqua entre os blocos Paranapanema e São Francisco-Congo durante a amalgamação do supercontinente Gondwana Oeste. A evolução estrutural na SVSA foi tratada como progressiva, sendo dividida em três estágios e cronologicamente organizada da seguinte maneira: i) formação de dobras recumbentes (Fr) em larga escala que causaram a inversão da sequência estratigráfica, juntamente ao desenvolvimento de uma foliação plano axial contínua (Sc). O eixo das dobras Fr possui direção NW-SE; ii) pico metamórfico na fácies xisto verde superior em um momento pós foliação Sc e sin foliação Ssa. Desenvolvimento de uma zona de empurrão no contato da SVSA com as rochas do Grupo Araxá, culminando na geração de uma foliação milonítica (Sm) e uma lineação de estiramento mineral (Lx). Indicadores cinemáticos nesta zona indicam movimento reverso para NE. Redobramento de Fr pela formação de dobras abertas (Fua) com vergência para NE e eixo NW-SE, origem de uma clivagem plano axial espaçada (Ssa) e de uma lineação de intersecção (Lba); iii) redobramento de Fr e Fua pela formação de dobras abertas (Fub) com eixo N-S e NE-SW, desenvolvimento de uma clivagem plano axial espaçada (Ssb) e de uma lineação de intersecção (Lbb). A história deformacional apresentada neste estudo sugere que o Ciclo Brasiliano/Pan-Africano pode estar relacionado a uma deformação progressiva, pelo menos na região de Abadia dos Dourados. Além disso, este trabalho também reporta a nova ocorrência de uma nappe dobrada (dobra recumbente de larga escala) no Orógeno Brasília.
Palavras Chave
DEFORMAÇÃO PROGRESSIVA; TECTONOESTRATIGRAFIA; ABADIA DOS DOURADOS; Orógeno Brasília
Área
TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica
Autores/Proponentes
Fernando Resende Honorato, Marco Antônio Delinardo da Silva, Pamela Pavanetto, Mariana Nunes Marçal Silva