Dados da Submissão
Título
A variação na posição da ITCZ controla a evolução da paisagem do piemonte dos Andes tropicais (Colômbia) durante o final do Quaternário
Texto do resumo
Leques aluviais e terraços fluviais são reconhecidos pelo relevante papel como arquivos dos efeitos das mudanças ambientais (e.g. clima e tectônica) na paisagem ao longo do tempo e do espaço. Visto que a maior parte dos estudos das geociências focam em regiões temperadas e áridas (semiáridas), nossa compreensão da dinâmica fluvial ao longo do Quaternário em áreas montanhosas tropicais ainda é limitada. Pela utilização de métodos de mapeamento morfossedimentar e de datação por luminescência opticamente estimulada (OSL) em depósitos de leques aluviais e terraços fluviais, propusemos um modelo da evolução da paisagem da bacia do Alto Caquetá nos Andes Tropicais do Norte nos últimos 130 ka. As idades OSL sugerem que sistemas distributivos (leques aluviais) estavam ativos na bacia do Alto Caquetá pelo menos entre 130 a até 60 ka. De 60 a 30 ka, os rios esculpiram os depósitos desses sistemas distributivos, tornando-os dissecados e reorganizando da rede de drenagem para padrão tributário com rios fluindo nos vales entalhados. Quatro níveis de terraços fluviais (2 a 15 m acima do nível do rio) foram mapeados dentro dos vales dos rios e as idades OSL indicam os principais períodos de deposição em 30, 15, 5 e 1 ka. Cascalhos maciços sustentados por clastos com camadas finas de areias de granulação grossa dominam as fácies sedimentares dos leques e terraços fluviais. As planícies de inundação modernas estão relacionadas, de montante a jusante, a canais entrelaçados a meandrantes; os cascalhos dominam suas fácies sedimentares, mas areia e sedimentos finos são frequentes. A redução da granulação dos sedimentos transportados dos terraços e leques para planícies de inundação modernas sugere uma mudança significativa na relação entre capacidade fluvial e descarga de água durante o Quaternário tardio. Com base nos dados paleoambientais disponíveis, interpretamos que a mudança do sistema distributivo para o tributário na paisagem fluvial está relacionada principalmente à mudança nas taxas e no padrão da precipitação nos Andes Tropicais do Norte, impulsionada pela variação na posição latitudinal da Zona de Convergência Intertropical (ITCZ) e modulado pelos ciclos orbitais de Milankovitch, que interferem diretamente na insolação da Terra. Nossos dados sugerem que a diminuição da precipitação, causada pela posição da ITCZ ao norte da área de estudo, combinada com a expansão de elementos arbóreos no Piemonte Andino, favoreceram a deposição aluvial, seja durante a atividade do sistema distributivo (Estágio Isotópico Marinho - MIS 5 e 4), seja durante o período do sistema tributário (MIS 2 até o presente). Nossos dados sustentam que, após uma fase de incisão durante o MIS 3, a diminuição da amplitude dos sinais de precessão e obliquidade conduziram a uma maior estabilidade da paisagem e à transição do padrão fluvial distributivo no alto Rio Caquetá para seu padrão tributário atual. (FAPESP #2021/14947-6)
Palavras Chave
Rio Caquetá; datação OSL; mudança paleoambiental; leque aluvial; terraços fluviais
Área
TEMA 06 - Paleoambiente e mudanças climáticas
Autores/Proponentes
Caio Breda, Fabiano Nascimento Pupim, Carolina Barbosa Leite Cruz, Priscila Emerich Souza