51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ANÁLISE ESTRUTURAL-METAMÓRFICA E GEOCRONOLÓGICA DO DOMÍNIO JURUENA: EVIDÊNCIAS DE OROGÊNESE ULTRA-QUENTE

Texto do resumo

Os estilos estruturais-metamórficos, em diversos Terrenos Pré-cambrianos (e.g. terrenos Birimiano; Svecofenniano; Trans-Hudson; Yavapai; Arabo-Nubiano), não são totalmente explicados pelo paradigma da tectônica de placas. Este é o caso do Terreno Paleoproterozoico Juruena, localizado no sudoeste do Cráton Amazonas, cuja evolução é debatida entre dois modelos principais: (1) um modelo orogênico acrescional tipo-andino e (2) um modelo de rifteamento intracontinental. tais visões diferentes realçam a falta de certeza sobre a geodinâmica nesse período. Ambos modelos são essencialmente suportados por estudos geoquímicos e geocronológicos de caracterização magmática, sendo raras abordagens que integram análise estrutural, metamorfismo e geocronologia. Há ainda, uma proposta alternativa de evolução que combina eventos compressionais e extensionais, e suas manifestações magmáticas, em resposta à variação do ângulo de subducção. Nesse contexto, adotamos uma abordagem focada nas lacunas geológicas, buscando reconciliar as diferenças transversais em um modelo tectônico que explica a evolução metamórfica, magmática e estrutural ao longo do tempo e do espaço. Para isso, integramos dados de campo, análise estrutural, petrologia metamórfica, litoquímica e geocronologia. Os resultados obtidos sugerem que o domínio Juruena teve um estágio compressional (D1), entre 1850 a 1730 Ma, com encurtamento horizontal e estiramento subvertical. Esse evento é caracterizado por zonas de cisalhamento de baixa temperatura subvertical com lineação de alto rake, presentes nas supracrustais da crosta superior (Grupos Colíder, Vila do Carmo e Roosevelt) e na crosta intermediária-inferior (Complexo Nova Monte Verde - CNMV e corpos sin cinemáticos do magmatismo bimodal Juruena). Estas zonas são caracterizadas por granulitos e migmatíticas dobrados com eixo E-W subhorizontal e transpostos por zonas de cisalhamento E-W reversa-dextral de alta temperatura subverticais com lineação de estiramento de alto rake. Nesse nível crustal, os granulitos demonstram que D1 está associado com um metamorfismo de ultra-alta temperatura e pressão moderada. Um segundo evento tardio (D2), entre 1510 a1430 Ma, atribuído a reflexos intracontinentais de esforços pericratônicos e representado por sistemas de zonas de cisalhamento dextral NW-SE, controla a compartimentação do terreno, justapondo níveis crustais distintos. As relações estruturais-geológicas de campo, integradas aos dados geocronológicos, demonstraram que ao longo dos níveis crustais os litotipos têm relação temporal e genética, como exemplificado por: (1) migmatização do CNMV contribuindo para a formação do magmatismo Juruena, cujos corpos proximais ao complexo mostram feições reliquiares de migmatização; (2) litotipos paraderivados (paragranulitos, xistos e litoarenitos) exibem padrões detríticos semelhantes. Nossos resultados são coerentes com o modelo de orógenos ultra-quentes do paleo- e mesoproterozóico, com estilo tectônico pop-down, caracterizado por (1) encurtamento e fluxo longitudinal vertical e horizontal sob convergência de longa duração, (2) espessamento estabilizado por movimentos descendentes de supracrustais e fusão-migração na crosta inferior, e (3) topografia estacionária e relevo nivelado.

Palavras Chave

Análise Estrutural-Metamórfica; Tectônica Proterozoica; Terreno Juruena; Orogeno Ultra-Quente

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Antonio Charles da Silva Oliveira, Marco Aurélio P Pinheiro, Beatriz Yuri Benetti, Noevaldo A Teixeira, Maurício Leska Borba, Joseneusa Brilhante Rodrigues, Carlos Eduardo Ganade