Dados da Submissão
Título
A COMPLEXA ARQUITETURA DEPOSICIONAL DE BACIAS ENDORREICAS: ESTUDO DE CASO DA FORMAÇÃO RIO DO RASTO, BACIA DO PARANÁ, BRASIL
Texto do resumo
A interação de processos lacustres, fluviais e eólicos recorrentes em sistemas fluviais distributivos que se acumulam em bacias endorreicas pode gerar um arcabouço deposicional altamente complexo. Esta complexidade é resultante de processos sedimentares de hierarquias e frequências variadas, recorrentes em amplas áreas deposicionais de bacias internamente drenadas e com baixos gradientes, influenciadas por eventos tectônicos e climáticos locais a regionais. A Formação Rio do Rasto, Permiano Médio ao Superior, cobre uma vasta área da Bacia do Paraná no Sul do Brasil e aflora na forma de amplas exposições rochosas na borda leste da bacia. Este trabalho tem por objetivo principal apresentar uma reconstrução paleoambiental e paleogeográfica em escala de bacia da Formação Rio do Rasto, caracterizando de forma detalhada as associações de fácies e subsistemas levantados em áreas-chave nos estados do Paraná e Santa Catarina. Este estudo é baseado no levantamento de alta-resolução de dados sedimentológicos, estratigráficos e paleocorrentes em campo. Foram descritas 21 litofácies pertencentes a oito associações de fácies (AF) que perfazem quatro subsistemas. Cada AF foi definida em termos da arquitetura dos depósitos e pelo padrão de empilhamento das fácies. Assim, foram estabelecidas as AF de barras de acresção lateral e formas de leito agradacionais, pertencentes ao subsistema de canais fluviais; as AF de planícies de inundação e depósitos de espraiamento, que perfazem o subsistema de overbank; as AF de margens lacustres dominadas por ondas e lobos deltaicos dominados por rios, que compõem o subsistema de lagos; e as AF de lençóis de areia eólicos e dunas eólicas, pertencentes ao subsistema eólico. Os depósitos de lagos marcam intervalos de nível alto do lago (lake highstand), enquanto os depósitos de canais fluviais, overbank e eólicos marcam intervalos de nível baixo do lago (lake lowstand). Quatro seções compostas foram construídas, uma no estado do Paraná e três no estado de Santa Catarina. Nestas seções, foram definidos lobos progradacionais caracterizados por depósitos lacustres na base, sucedidos por canais fluviais, depósitos de overbank e/ou eólicos no topo. A cada ciclo de progradação, a predominância dos depósitos fluviais em relação aos lacustres aumenta, indicando um aumento nos intervalos de nível baixo do lago. A análise individual das paleocorrentes por canal fluvial e lobo deltaico sugere que os canais fluviais eram alimentados por bacias de drenagem distintas, com regimes de descarga variados. No Paraná, foram caracterizados dois padrões de paleofluxo: um de norte/noroeste e outro de sul/sudeste. Em Santa Catarina, o paleofluxo apresenta um padrão mais uniforme para leste/sudeste. Assim, os depósitos do Permiano Médio a Superior da Bacia do Paraná apresentam um arcabouço estratigráfico altamente complexo. O Lago Eyre, na Austrália Central, e o Lago Chad, na porção centro-oeste da África, compreendem importantes análogos modernos para a Formação Rio do Rasto, de forma que a análise de processos modernos e depósitos do Quaternário auxiliou no entendimento da complexidade deposicional da Formação Rio do Rasto no contexto de bacias endorreicas. Portanto, o arcabouço estratigráfico da Formação Rio do Rasto na área de estudo está associado a sistemas fluviais distributivos coalescentes acumulados em uma ampla bacia endorreica influenciada por regimes climáticos distintos.
Palavras Chave
Sistemas Fluviais Distributivos; Bacias Endorreicas; Formação Rio do Rasto; Lake Eyre; Lake Chad
Área
TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia
Autores/Proponentes
Monica Oliveira Manna, Claiton Marlon Santos Scherer, Manoela Bettarel Bállico, Adriano Domingos Reis, Jean Carvalho Toledo, Domingas Maria Conceição, Gabriel Bertolini, Rossano Dalla Lana Michel, Paula Luiza Lima, Ana Victória Ribeiro Franqueira, Allan Ataide, Lorenza Augusta Belitzki Ferrari