51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DIFERENÇAS ENTRE CAVERNAS EM ÁREAS ASSOCIADAS A FORMAÇÃO FERRIFERA BANDADA E EM CARSTE

Texto do resumo

A legislação brasileira trata indistintamente cavernas, independente da litologia às quais as mesmas estão associadas. Esta abordagem pode levar a interpretações equivocadas, especialmente considerando que o Carste é um relevo onde o processo predominante é a dissolução química.
O intuito deste trabalho é mostrar as grandes diferenças entre áreas associadas a litologias de ferro (formação ferrífera bandada), e áreas cársticas (rochas carbonáticas) com enfase nas cavidades.
Observações de campo e monitoramentos mostram que áreas associadas a litologias de ferro não podem ser tratadas da mesma forma que as carbonáticas.
Nas áreas associado a rochas ferríferas a drenagem é superficial com alguma contribuição sub-superficial, predomina a porosidade, o mecanismo principal do desenvolvimento das cavidades é através da erosão (tem contribuição de dissolução e biológica, mas não são as predominantes), as cavidades não estão relacionadas ao aquífero, situando-se próximas à superfície. A rocha é porosa, mostrando capacidade de infiltração e percolação. A canga e rochas sotopostas funcionam como filtros protegendo o aquífero. O nível de água mostra a direção do fluxo hídrico, geralmente até um nível de base local ou regional. As cavernas possuem desenvolvimentos reduzido quando comparadas às cavernas em carbonatos. A maior caverna associada a litologia ferrífera atinge 1500m, mesmo assim com contribuições de escavação da fauna pleistocena (preguiça ou tatu gigante). As maiores cavidades possuem cerca de 300m de desenvolvimento, mas geralmente situam-se na ordem de 30m.
Já no carste o processo principal é a dissolução da rocha, os fluxos hídricos são preferencialmente subterrâneos, o relevo mostra lapiás, paredões, presença de cavernas, surgencias, sumidouros, paredões e maciços. As águas circulam preferencialmente de modo subterraneo através de condutos tornando as cavidades importantes rotas de fluxos hídricos. Neste contexto as cavernas adquirem suma importância para a preservação do próprio aquífero. O conteúdo de água depende dos fraturamentos e presença de descontinuidades abertas, sendo a rocha maciça. Por praticamente não oferecer filtros (presença de sumidouros levando contaminantes diretamente ao aquífero) o zoneamento nesta área deve ser questão primordial, com estudos específicos para definir onde lançar lixos e efluentes. O nível da água dependerá do local, podendo em questões de metros mostrar poço seco, poço jorrante ou poço com água. As cavernas podem atingir dimensões consideráveis, sendo comum desenvolvimentos superiores a 1000m. As maiores cavernas do Brasil atingem dimensões de 114km (TBV), 35km (TB), 22km (Lapa do São Mateus).
A simples presença de uma ou duas características e/ou algumas exceções não são suficientes para garantir tratamento similar. No caso das áreas com formação ferrífera bandada as demandas e problemas são distintos das demandas e problemas encontrados em áreas cársticas. As políticas públicas no carste visam garantir preservação do aquífero, integridade de cidades (vide Cajamar, Matozinhos, Sete Lagoas, etc.) e sustentabilidade do ecossistema.

Palavras Chave

cavernas; Carste; Formação Ferrífera Bandada; carbonato.

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Georgete Macedo Dutra, Bruno dos Santos Scherer, Bruno Fernandes de Aguiar