51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ANÁLISE TEXTURAL QUANTITATIVA DOS DEPÓSITOS PIROCLÁSTICOS DA ILHA DE TRINDADE

Texto do resumo

Eventos vulcânicos podem gerar erupções explosivas e/ou efusivas, sendo uma erupção explosiva resultado da fragmentação magmática. Os diferentes mecanismos responsáveis pela fragmentação magmática, sejam eles primários ou secundários, determinam as características (e.g. tamanho, esfericidade, rugosidade) dos piroclastos. Assim, a análise detalhada de piroclásticos informa sobre as condições pré a sin-eruptivas e os processos de fragmentação responsáveis por sua formação. Ilhas vulcânicas oferecem uma excelente oportunidade de estudo destes processos, uma vez que se constituem de uma grande variedade de depósitos vulcânicos. A Ilha de Trindade corresponde a atividade vulcânica mais recente no território brasileiro, localiza-se no extremo leste da cadeia Vitória-Trindade, resultante de magmatismo do tipo intraplaca associado à pluma de Trindade. A geologia da Ilha é definida por intercalações de depósitos efusivos e piroclásticos, agrupados em cinco unidades litoestratigráficas (da base para o topo): Complexo Trindade, Formação Desejado, Formação Morro Vermelho, Formação Valado e Formação Paredão. Apesar da maior atenção dada às ilhas vulcânicas brasileiras nas últimas décadas, ainda são poucos os estudos focados nas ocorrências piroclásticas e nos seus processos de formação. Assim, o presente trabalho tem como objetivo realizar a análise petrográfica e textural quantitativa dos depósitos piroclásticos do Complexo Trindade, além de verificar a eventual variação destes parâmetros com a estratigrafia, visando a maior compreensão dos mecanismos de fragmentação magmática e a consequente dinâmica eruptiva. A analise petrográfica revelou amostras constituídas de fragmentos líticos cognatos, fragmentos juvenis e cristaloclastos, variando de maciças a localmente orientadas, ou bandandas, com bandamento definido por variações granulométricas (cinza a lapilli). Os fragmentos líticos cognatos apresentam coloração cinza, são sub-arredondados, predominantemente maciços, holocristalinos e, por vezes, microporfiríticos; mineralogicamente são constituídos de piroxênio, anfibólio, feldspatos, biotita, minerais opacos e, raramente, olivina. Os fragmentos juvenis apresentam-se com coloração acastanhada (quando hipocristalinos) ou preta (quando hipohialinos), angulosos à subangulosos, vesiculados, constituídos de fenocristais de piroxênio, anfibólio, feldspatos, minerais opacos, biotita e, mais raramente, olivina, dispersos em matriz vítrea. Os cristaloclastos são euédricos a subédricos e compreendem, em ordem decrescente de abundância, aegirina augita, hornblenda, sanidina, nefelina, sodalita, minerais opacos, biotita e por vezes, olivina. Zonamento composicional, texturas de desequilíbrio (sieve), e alteração são comuns.
Análises via microscopia eletrônica de varredura (MEV) foram realizadas para obtenção de imagens de detalhe dos piroclastos, cujos contornos foram traçados no CorelDraw para obtenção de imagens binárias (branco e preto). Tais imagens serão analisadas através do software ImageJ para obtenção de medidas de tamanho e parâmetros de forma (axial ratio, form factor, roundness, solidity, convexity). A distribuição de tamanho dos piroclastos (grain size distribution) e os parâmetros de forma, bem como suas eventuais variações na estratigrafia, fornecerão informações fundamentais para inferências a cerca dos mecanismos de fragmentação magmática e da dinâmica eruptiva que resultou na formação dos depósitos estudados.

Palavras Chave

Complexo Trindade; Depósitos piroclásticos; Análise Textural Quantitativa; Fragmentação magmática

Área

TEMA 19 - Magmatismo e Processos Petrogenéticos

Autores/Proponentes

Leon Kamp, Letícia Freitas Guimarães, Carolina Almeida Figueiredo, Anderson Costa Santos, Everton Marques Bongiolo