Dados da Submissão

Título

AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS NO MUNICÍPIO DE BOQUIRA, NO SEMIÁRIDO BAIANO

Texto do resumo

O município de Boquira está localizado no centro-oeste da Bahia, região estimada por escassez de recursos hídricos, visto que está inserida no semiárido brasileiro. Além disso, situa-se no domínio geológico do corredor de deformação do Paramirim. Este possui um background natural de chumbo (Pb) e zinco (Zn), o que proporcionou o funcionamento da maior mina desses minerais no Brasil, entre os anos de 1960 e 1992, gerando crescimento e melhorias para o município nos tempos áureos da exploração mineral. Após os encerramentos das atividades mineradoras, os rejeitos foram abandonados em pilhas de estéril, cava a céu aberto e galerias de mina subterrânea, sem que fossem adotadas as devidas medidas mitigadoras. Logo, a pesquisa objetiva avaliar a situação qualitativa dos recursos hídricos subterrâneos dessa região. Nesse estudo utilizou-se o banco de dados hidroquímicos (14 variáveis), analisados em setembro de 2016, distribuídos no município de Boquira. As análises foram tratadas em tabelas do Excel, sendo os resultados posteriormente tratados por meio de geração de gráficos, além da elaboração do mapa de geologia com a distribuição dos pontos analisados no software QGIS. As amostras foram enquadradas qualitativamente conforme a Portaria no. 888 de 2021 do Ministério da Saúde (MS) e Resolução CONAMA no. 396 de 2008, por serem as normativas mais recentes em uso na legislação brasileira. Segundo a Portaria nº 888 de 2021 do MS, o pH da água deve estar entre 6 e 9 para consumo humano. Nas amostras analisadas, os valores de pH oscilaram entre 4,4 e 5,4. Os pontos PT-06 (4,68) e PT-08 (5,46) são representados por poços tubulares. Os pontos PT-09 (5,46), PT-10 (5,1), PT-11 (4,44) e PT-12 (5,16) correspondem a pontos de amostragem em nascente. De acordo com a Portaria vigente o valor máximo permitido (VMP) para turbidez é de 5 uT. Os valores encontrados estão na faixa entre 0,1 uT e 19,7 uT, nos quais 3 pontos possui valores acima do VMP: PT-08 (19,7 uT), PT-09 (19,7 uT) e PT-11 (7,6 uT). Os valores de STD nos pontos variaram entre 1 mg/L e 1770 mg/L nos quais, dos 14 pontos amostrados, 4 apresentaram valores superiores ao VMP: PT-01 (129 mg/L), PT-02 (1220 mg/L), PT-03 (1070 mg/L) e PT-07 (1770 mg/L). Conforme o CONAMA n° 396/2008 e a Portaria n° 888/2021 do MS, o valor máximo permitido para STD é de 500 mg/L. As análises dos elementos arsênio (As), cádmio (Cd), sódio (Na), chumbo (Pb) e zinco (zn) apontaram valores inferiores ao limite de quantificação ou nulos. No entanto, em alguns pontos, as análises dos elementos cálcio (Ca), ferro (Fe) e magnésio (Mg), apresentaram valores superiores aos da quantificação. A Resolução CONAMA n° 396/2008 e a Portaria n° 888/2021 do MS estabelecem o VMP para ferro de 0,3 mg/L. Entretanto, em uma amostra (PT-11) foi encontrado 0,54 mg/L de Fe. Em relação ao magnésio, a Resolução CONAMA n° 396/2008 e a Portaria MS n° 888/2021 não estabelecem um VMP para esse elemento. As concentrações de magnésio foram de 38,7 mg/L, 60 mg/L e 40,1 mg/L para os pontos PT-01, PT-02 e PT-03, respectivamente. Concluiu-se que existe influência do background natural das rochas nas amostras analisadas, conferindo valores acima do Valor Máximo Permitido para consumo humano para os parâmetros Ca, Fe, Mg e Na. Mesmo que as maiores concentrações de Pb, Zn e Cd estão situadas nas águas das galerias da mina subterrânea e bacia de rejeito, não foram encontrados elevados teores desses parâmetros nos recursos hídricos subterrâneos analisados.

Palavras Chave

água subterrânea; contaminação; Chumbo; Zinco