Dados da Submissão

Título

CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DA BACIA DO RIO DOCE UTILIZANDO TÉCNICAS HIDROQUÍMICAS EM ASSOCIAÇÃO COM O GIS

Texto do resumo

A Bacia Hidrográfica do Rio Doce (BHRD) é uma importante fonte de abastecimento de água nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais no sudeste do Brasil, sendo responsável pelo abastecimento de mais de 3,5 milhões de habitantes. A bacia possui 98% da área inserida no bioma mata atlântica e desempenha um papel fundamental no desenvolvimento social e econômico da região, principalmente nos setores da agricultura, pecuária e mineração. Após o desastre ambiental em Mariana, em 2015, as preocupações em relação à degradação da qualidade da água na Bacia Hidrográfica do Rio Doce aumentaram, de forma que pesquisas relacionadas à região se tornaram cada vez mais importantes para entender como a qualidade da água da bacia foi afetada. Este estudo investigou as características hidroquímicas das águas da bacia utilizando métodos hidrogeoquímicos e GIS (geographic information system), através da construção de diagramas hidroquímicos combinado com mapeamento de alta resolução em microbacias. Para tal, foram coletadas 520 amostras de água superficial na estação seca nos anos de 2009 e 2010 e analisadas quanto aos parâmetros fisico-químicos, íons principais (HCO3-, Na+, Cl-, NO3-, Ca2+, K+, Mg2+, SO42-, PO43-) e alguns metais. Os resultados mostraram que os principais íons nas águas da área de estudo, são o bicarbonato, cálcio e sódio. Em relação a distribuição espacial, as águas do Alto Rio Doce apresentaram predominância dos íons Ca-HCO3 e as águas dos trechos médios e à jusante da área foram dominadas pelos íons Na-HCO3 de acordo com o diagrama de Piper. O diagrama de Gibbs indicou que as águas da região são controladas pelo intemperismo mineral (silicatos e carbonato) e precipitação pluviométrica. Além disso, foi observado a influência da troca catiônica nos resultados dos diagramas cloro-alcalino e diagrama de Chadha, como também influência pluviométrica, em especial nas porções do Alto e Médio Rio Doce. As diferenças nas concentrações de íons dissolvidos e TDS nas diferentes porções da Bacia são atribuídas à variabilidade espacial das rochas, processos erosivos, escoamento superficial e variação no regime pluviométrico. Os altos valores das concentrações dos íons e, consequentemente, altos valores de CE na parte central da BHRD (região com maior densidade demográfica da bacia), indicam possível influência antropogênica na química da água dessa região. Além disso, as atividades agropastoris no Médio Rio Doce também parecem contribuir para a concentração desses constituintes.

Palavras Chave

GIS; Hidrogeoquímica; Bacia do Rio Doce; Mapeamento Hidroquímico; Microbacias