51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

A colocação, temperatura e o sistema de câmaras magmáticas do vulcanismo Santoniano no Campo de Mero, Bacia de Santos

Texto do resumo

A Bacia de Santos é afetada, no Cretáceo-Superior e Paleógeno, por importantes atividades magmáticas, de composição predominantemente basáltica alcalina. Apesar desse magmatismo ter sua expressão vulcânica no Pós-Sal, ele atravessa o Pré-Sal onde deixa parte do seu rastro, no geral, e até onde é conhecido, na forma de intrusões intercaladas com os carbonatos reservatórios principalmente da formação Barra Velha. A forma de colocação dessas intrusões nesses reservatórios varia, podendo funcionar como mecanismo de migração ou até de barreiras para regimes fluidos na bacia. Além disso, a temperatura desses corpos ígneos e do sistema de câmaras magmáticas associados a eles (a depender da profundidade) pode afetar o sistema petrolífero da bacia. Com o objetivo de conhecer o mecanismo de colocação desses magmas no reservatório, a profundidade dos seus reservatórios e suas respectivas temperaturas, esse trabalho fez uma análise multiescalar no Campo de Mero, Bacia de Santos, contemplando desde o mapeamento sísmico até análise geoquímica. O mapeamento sísmico de detalhe foi realizado na região de um poço que testemunhou duas intrusões e o reservatório carbonático encaixante a elas no Campo de Mero, revelando a morfologia dessas intrusões, no formato de soleiras, e seu sistema de alimentação. Ainda foi possível identificar as falhas que possivelmente serviram de contudo para esses magmas e a região profunda a que elas estão associadas: a descontinuidade de Mohorovicic. A análise dos testemunhos revelou que as duas intrusões (superior de 15,6 m e a inferior 1,53 m de espessura) estão encaixadas no contato entre uma sequência de laminitos e rudstone/grainstone, e são separadas entre si por uma fina camada de laminito de 90 cm. A partir de amostras coletadas nesses intervalos ígneos foram confeccionadas 45 lâminas petrográficas, contemplando análises de QEMSCAN e MEV, foram realizadas também 45 análises pontuais de química mineral em piroxênios (WDS) e 12 análises litogeoquímicas. Petrograficamente, ambas as intrusões foram classificadas como diabásios alcalinos, com granulação média a grossa na parte central, tendendo a média e fina para as bordas. Além disso, foram identificados acamamentos de cumulados máficos (piroxênio e olivina) e félsicos (feldspato, principalmente anortoclásio) e texturas de reinjeção do magma basáltico alcalino. A geotermobarometria aponta para uma temperatura de 1088 a 1158 °C das soleiras estudadas, com um pico de fracionamento de piroxênio a 3.82 ± 0.15 kbar. Essa pressão é equivalente a uma profundidade de cerca de 14,40 km, considerando valores médios de densidade da crosta de 2700 kg/m³, e muito próximo a descontinuidade de Mohorovicic mapeada na sísmica, quando corrigida pela profundidade esperada para o Santoniano. As conclusões obtidas nesse trabalho servem de base para construção de modelos de sistemas petrolíferos que tenham como objetivo investigar a influência térmica do magmatismo do Santoniano no Campo de Mero. Além disso, apresenta uma metodologia eficiente de aferição da profundidade da Mohorovicic correlacionando o mapeamento sísmico e geotermobarometria.

Palavras Chave

Sistema Petrolífero; Vulcanismo; Influência térmica; Santoniano; Bacia de Santos

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Gabriel Medeiros Marins, Nicholas Machado Lima, Leonardo costa Oliveira, Adriana Oliveira Gangá, Carlos Maurício Monnerat, Francisco Romério Abrantes Jr, Lucas Magalhães May Rossetti, John Michael Millet, Sofia Alves Fornero, Natália Famelli, Sandra Akemi Iwata, Rodrigo Macedo Penna