51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ARQUITETURA ESTRATIGRÁFICA DE ALTA RESOLUÇÃO EM DEPÓSITOS EÓLICOS A PARTIR DE MODELOS VIRTUAIS DE AFLORAMENTOS. O EXEMPLO DA FORMAÇÃO MANGABEIRA, MESOPROTEROZOICO - CHAPADA DIAMANTINA

Texto do resumo

A aquisição de imagens com aeronaves pilotadas remotamente revolucionou muitos setores, incluindo a geologia, permitindo uma coleta de dados mais rápida, precisa e detalhada. No contexto da classificação de rochas, sensores multiespectrais ou hiperespectrais aeroembarcados capturam imagens de superfícies terrestres, revelando informações importantes sobre a composição e estrutura das rochas. Essas imagens podem ser processadas e analisadas usando técnicas de aprendizado de máquina e visão computacional para classificar diferentes tipos de rochas com base em suas características espectrais, texturais e morfológicas. Essa abordagem oferece uma maneira eficiente e não invasiva de estudar a geologia, principalmente quando se trata de estudos de depósitos eólicos proterozóicos, algo extremamente raro no registro geológico. Estes estudos possuem uma certa dificuldade no reconhecimento das fácies devido à deformação e/ou ao grau avançado de diagênese destes terrenos antigos. A Formação Mangabeira (Mesoproterozóico, Supergrupo Espinhaço/BA) consiste em uma exceção, na qual os depósitos eólicos estão bem preservados e pouco alterados, sendo possível o reconhecimento dos aspectos texturais e estruturais dos litotipos. Diante disso, o presente trabalho traz a caracterização faciológica da Formação Mangabeira a partir da correlação do levantamento de perfis colunares à aquisição de imagens com aeronave pilotada remotamente e confecção de um modelo virtual de afloramento. A aquisição de aerofotografias para obter modelos 3D de alta resolução dos afloramentos foi feita através do equipamento DJI Phantom 4 PRO com câmera CMOS de 20 Megapixels. As imagens foram processadas com o software Agisoft Metashape através das etapas de alinhamento, construção da nuvem densa de pontos e da malha triangulada texturizada. Como resultado, obteve-se um ortofotomosaico com resolução média de 5mm/pixel. A partir das imagens e do modelo virtual de afloramento foi possível identificar as sete litofácies também encontradas no levantamento estratigráfico, St, Sm, Sr, Fl, St(e), Sl(e) e Sa(e), bem como subdividir o modelo virtual do afloramento em quatro associações faciológicas: i) dunas e interdunas eólicas; ii) lençóis de areia eólicos secos; iii) lençóis de areia úmidos; e iv) canal fluvial.A arquitetura estratigráfica do afloramento apresenta ciclos de aumento e diminuição de umidade para o topo. Da base para o topo, os ciclos de alta frequência consistem no empilhamento vertical de associação de fácies arenosas recobertas por lençóis de areia secos ou úmidos. O agrupamento destes determina ciclos de baixa frequência, caracterizando três intervalos estratigráficos compostos por lençóis de areia secos (LSST), dunas (TST) e lençóis de areia úmidos (HSST).Com o modelo virtual do afloramento foi possível medir e determinar a espessura destes ciclos com precisão centimétrica, permitindo a correlação destas alternâncias cíclicas de condições deposicionais a parâmetros atuais de sedimentação e acumulação. Para etapas futuras desta pesquisa, busca-se: i)a automatização do reconhecimento de fácies e suas litologias; ii)a caracterização dos depósitos e implicação de sua geometria e arquitetura estratigráfica na modelagem de reservatórios de hidrocarbonetos e água subterrânea, visando a utilização do afloramento como análogo; iii)aplicação e correlação a ciclicidade na sedimentação aos ciclos orbitais de Milankovitch, buscando entender sua influência durante o Mesoproterozóico.

Palavras Chave

Modelos Virtuais de Afloramentos; Fotofácies; ciclos orbitais

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Ezequiel Galvão de Souza, Felipe Guadagnin, Antonio JC Magalhães, Guilherme P. Raja-Gabaglia, Claiton M Scherer, Manoela Bettarel Bállico, Eduardo Roemers-Oliveira