51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DEPOSIÇÃO E EVOLUÇÃO DIAGENÉTICA DAS ROCHAS INTRACLÁSTICAS DA FORMAÇÃO BARRA VELHA, CAMPO DE BÚZIOS, BACIA DE SANTOS

Texto do resumo

Os reservatórios intraclásticos do pré-sal apresentam grande espessura e extensão no Campo de Búzios, Bacia de Santos. Esses depósitos são produto da erosão e redeposição de agregados fasciculares e esferulíticos de calcita, associados a intraclastos compostos por argila magnesiana, oóides e pelóides argilosos, e materiais detríticos. O objetivo deste estudo foi caracterizar estes depósitos, com foco na evolução diagenética e da porosidade dos calcarenitos e calcirruditos em dois poços do Campo de Búzios, a fim de entender o impacto da diagênese na qualidade desses reservatórios. Para realização do estudo, foi realizada a descrição dos testemunhos, análise dos perfis geofísicos e análise petrográfica de 419 lâminas delgadas de dois poços localizados na região sul do campo. Epifluorescência ultravioleta foi utilizada como técnica complementar para a caracterização das fases minerais. Normalmente, as rochas intraclásticas da Formação Barra Velha apresentam boa porosidade deposicional, salvo raros casos em que a matriz de argilas magnesianas ocorre associada. Modelos combinando petrografia detalhada e dados petrofísicos foram criados para entender a evolução diagenética das rochas carbonáticas intraclásticas e de sua qualidade do reservatório. Os processos diagenéticos ocorreram de forma heterogênea, diminuindo, preservando ou aumentando a porosidade interpartícula primária. Dolomitização e silicificação foram os principais processos de substituição e cimentação. Pelo menos duas fases de preenchimento por sílica ocorrem, com calcedônia fibrosa cobrindo ou substituindo partículas e circundando os poros, e quartzo macrocristalino preenchendo a porosidade remanescente. A dolomita ocorre predominantemente na forma de cristais blocosos e zonados, substituindo as partículas e preenchendo poros. Dolomita em sela ocorre preenchendo porosidade secundária, associada à calcita macrocristalina, analcima e barita. Além da dissolução de constituintes primários e diagenéticos, da cimentação e substituição, o sistema poroso foi afetado intensa e heterogeneamente por processos de compactação física e química, controlados pela cimentação precoce por dolomita e pela variação da textura primária. Minerais acessórios de preenchimento de poros, como fluorita e dawsonita, também foram identificados. A ocorrência limitada de pirita indica um ambiente diagenético com baixa disponibilidade de sulfato e ferro. Mesmo com as alterações diagenéticas que afetaram sua porosidade, os intervalos intraclásticos ainda são correlacionados com os valores mais altos e verticalmente contínuos (“padrões em caixote”) de porosidade nos perfis de ressonância magnética. Compreender as características, controles e distribuição das zonas cimentadas, compactadas e porosas das rochas intraclásticas do Campo de Búzios é crucial para otimizar seu desenvolvimento e a recuperação de hidrocarbonetos durante sua produção.

Palavras Chave

Rochas intraclásticas; Formação Barra Velha; Campo de Búzios; diagênese

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Mariane Cristina Trombetta, Amanda Goulart Rodrigues, Luiz Fernando De Ros