Dados da Submissão

Título

Análise bacteriológica e geoquímica das águas de consumo humano do distrito de Barão do Guaicuí, Gouveia (MG)

Texto do resumo

A escassez hídrica continua a ser um problema central nas discussões ambientais, seja a falta ou a má qualidade das águas de consumo. A relação da escassez hídrica em ambientes antropizados, como em regiões de mineração é algo que acontece em grande escala no estado de Minas Gerais. Barão do Guaicuí possui cerca de 100 habitantes fixos, e é caracterizado por um povoado tipicamente rural que utiliza do turismo ecológico como fonte de renda, além de consumirem água superficial com pouco ou nenhum tratamento. Afloram na região quartzitos dos Grupos Costa Sena e Diamantina, principal alvo de interesse na exploração mineral, com quatro processos minerários em andamento. Dentro desse contexto, e pelo empenho da comunidade na busca de preservar e conservar os recursos locais, mostrou-se a necessidade desse estudo, com a utilização de ferramentas que quantifiquem e qualifiquem ambientes hídricos para melhor entendimento da qualidade e gestão. Foram realizadas duas coletas de amostras de água de consumo humano para análise bacteriológica por método COLIERT, e duas coletas para análise de elementos traços por ICP-OES. Os locais escolhidos para coleta referem-se a caixas d’água, cachoeiras locais, rios e córregos de onde é retirada água para consumo. A análise dos dados deu-se por comparação aos valores de referência da Portaria nº888/2021 e da Resolução CONAMA nº357/2005. Para melhor visualização dos resultados foram confeccionados tabelas e gráficos por EXCEL, e mapas temáticos através do QGIS. Comparando com as legislações vigentes, as amostras de água coletadas em nov/2022, em período chuvoso, apresentaram todas presença de e.coli. Já a amostragem de ago/2023, em período seco, apresentou 3 pontos sem a presença de e.coli, ou seja, dentro dos limites. Os locais onde a presença não foi detectada aparecem como referência de áreas de maior preservação, visto o menor acesso da comunidade e distância de moradias. No caso da análise de elementos traço, nas amostras coletadas em ago/2023, em período seco, apresentou-se 1 ponto com concentração de S acima de 0,002 mg/L, fora do permitido, e 2 pontos com concentrações de Fe muito próximas ao limite permitido, de 0,3 mg/L. Já em abr/2024, em período chuvoso, 1 ponto apresentou valor de Zn acima de 0,18 mg/L, encontrando fora do permitido, 2 pontos apresentaram concentrações de Fe acima do permitido pela legislação, e 1 ponto apresentou concentração de Fe próximo ao limite. A investigação geoquímica em período seco e chuvoso apresenta um resultado já esperado para a região, visto que, com maior índice pluviométrico há uma tendência a maior aparição de ferro dissolvido em água, oriundos da movimentação de fundo, onde o metal está normalmente, acumulado. Há presença de litologias com presença de minerais ferro-magnesianos no local, sendo objeto de estudo para entendimento da dinâmica sazonal local. As principais doenças associadas a consumo de água com excesso de ferro são: distúrbios gastrointestinais; hemacrose; danos ao fígado e problemas cardiovasculares. A cor e sabor da água com presença de metais pode ser alterada, podendo causar irritações de pele e impactos na saúde dental. O presente estudo continua em desenvolvimento, visto que se pretende, a seguir, a devolução dos resultados para a comunidade, com encontros e rodas de conversa. Possibilitando, assim, uma análise integrada, participativa e multidisciplinar dos recursos hídricos locais.

Palavras Chave

Geoquímica ambiental; Geologia Médica; Recursos hídricos; Monitoramento ambiental; comunidade