Dados da Submissão
Título
Caracterização mineral e de elementos terras raras em rochas sedimentares químicas: caso Bacia Potiguar, Fm. Jandaíra.
Texto do resumo
A Bacia Potiguar possui área estimada de 48.000 km², seu substrato é o embasamento cristalino da Província Borborema e é estratigraficamente distribuída em três grupos: Areia Branca, Apodi e Agulha. A formação Jandaíra pertence ao Grupo Apodi, cujos sedimentos foram depositados durante o período fluviomarinho transgressivo (Vital et al. 2014, Advíncula e Silva et al. 2022). Os elementos terras raras (ETR), pertencem ao grupo 3 da Tabela Periódica. Em geologia, com frequência se emprega o termo ETR para designar a série de La a Lu. Alguns autores incluem o Y (ETRY) por causa da semelhança de raio iônico e comportamento geoquímico quando comparado ao Ho (Goldschmidt 1937, Chakhmouradian e Wall 2012). Recentemente estes elementos têm sido utilizados como traçadores na reconstrução de ambientes sedimentares pretéritos. De maneira geral, são subsaturados em ambiente marinho e sua precipitação é favorecida na presença de componentes autigênicos, como carbonatos de origem inorgânica, fosfatos, formações ferríferas bandadas, cherts, etc (Zao et al. 2021). A importância de sua caracterização e quantificação está relacionada as recentes descobertas de depósitos de relevância econômica no assoalho oceânico moderno, o que torna importante discussões sobre os mecanismos que controlam sua abundância em rochas sedimentares químicas. O intuito desse trabalho foi investigar as associações minerais e quantificar os teores de ETRY em diferentes rochas carbonáticas coletadas na formação Jandaíra. No total, foram selecionadas 26 amostras, entre elas carbonatos de granulometria variada, bem como exemplares termalmente afetados do plug São João (Damaceno et al. 2017). Para a caracterização mineral foram utilizadas lâminas delgadas e difração de raios x (pó total), cujos resultados preliminares indicam presença majoritária de calcita e outros minerais carbonáticos em menor escala (dolomita, aragonita e ankerita). Para quantificar os ETRY, foi utilizada determinação por fusão com metaborato de lítio para análise via ICP-MS. A petrografia evidenciou a presença de minerais de origem química, caso de calcita, possivelmente dolomita e algumas fases pouco dominantes, caso de quartzo (intraclastos) e minerais opacos. Também foi observada variação no conteúdo micrítico e esparítico das amostras, algumas exibem elevada incidência micrítica (mudstone) e apenas uma (POT3.4) com cimentação esparítica, caracterizando a facies grainstone. Os totais de ETRY mostraram diferenças entre as amostras que foram termalmente afetadas (ΣETRY = 55.6 μg.g-¹) em relação as que possuem gênese puramente sedimentar (ΣETRY = 20,1 μg.g-¹). Os diagramas normalizados ao PAAS (Pourmand et al. 2011) mostram que há leve enriquecimento dos elementos terras raras leves em relação aos pesados, com a razão (La/Yb)PAASN de 1,3 para as amostras termalmente afetadas e de 1,5 para as demais. Nota-se também para os dois grupos valores anomalamente baixos para Tb e Tm. Os resultados indicam que os eventos termais na bacia podem ter alterado ligeiramente a composição e o fracionamento de ETRY das amostras trabalhadas. Com o refinamento dos resultados de DRX associados a petrografia será possível melhor inferência de onde estes elementos estão alojados no arcabouço rochoso. Agradecemos à PETRONAS Petróleo Brasil Ltda. pelo financiamento da pesquisa (ANP 22133-3 e ANP 23052-4).
Palavras Chave
geoquímica; Associação Carbonática; Difração de raios X; ICP-MS
Área
TEMA 06 - Paleoambiente e mudanças climáticas
Autores/Proponentes
Luiz Filipe de Melo Faria, Ricardo Perobelli Borba, Wanilson Luiz Silva, Alfredo Borges De Campos, Gleiber Silva Chagas, Christian Julian Delgado