51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ESTRUTURAS DA LITOSFERA INTERPRETADAS COM BASE EM TOMOGRAFIA SÍSMICA REGIONAL ASSOCIADAS A HERANÇAS CONTINENTAIS NAS MARGENS RIFTEADAS DO OESTE AFRICANO SUBSAARIANO

Texto do resumo

Ao longo da sua extensão a margem rifteada do Oeste Africano SubSaariano transita entre distintos tipos - rica em magma, pobre em magma e transformante. A transição entre esses distintos tipos de margens ocorre de uma maneira gradativa, com interação entre os domínios estruturais. Essas zonas de transição se localizam nas regiões onde se verifica uma mudança na geologia do embasamento aflorante, limite entre rochas graníticas arqueanas e terrenos relativos ao Proterozoico. Uma investigação para verificar o papel da herança continental nas margens mencionadas foi realizada através de perfis regionais de tomografia sísmica da onda P. Neste modelo, a zona de transição entre a margem pobre em magma e a margem transformante (Bacia do Gabão e Bacia do Rio Muni, Gabão) não exibe um manto anômalo, mas revelou anomalias profundas (até ao menos 500 km) na Província Cratônica do Congo (Cráton do Gabão). A margem pobre em magma associada a herança de terrenos de 2.0-1.8 Ga (constituídos por rochas gnáissicas do Cinturão Kimezian - Proterozoico) e das sequências do Cinturão Ocidental do Congo de idade Pan-Africana (~650-500 Ma), também não mostrou anomalias no manto. Já a zona de transição entre a margem rica em magma e a margem pobre em magma (bacias do Namibe e Benguela, Angola) com herança de faixas móveis Pan-Africanas na região da margem rica em magma e de rochas graníticas de um núcleo cratônico do Arqueano, mais precisamente, a porção do Cráton do Congo com sobreposição de 2,0-1,6 Ga (Cráton Angolano) ocorreram feições mantélicas. Os perfis regionais indicaram anomalias positivas de velocidade da onda P, de formato alongado, que ao alcançarem a zona de transição do manto apresentam uma tendência de horizontalização em torno de 600 km. Essas exóticas estruturas nos remetem ao processo tectônico da litosfera oceânica subductada no manto superior. No modelo de reconstrução crustal, essa região apresenta um melhor ajuste com o par conjugado na América do Sul, no caso na região da Bacia de Santos. O Cráton Angolano (Arqueano – Paleoproterozoico) se contraporia a Faixa Ribeira (Neoproterozoico). Perfis regionais de tomografia sísmica da onda P, considerando esse par conjugado, indicam um possível confinamento do manto entre slabs (relictos) no contexto do amalgamento do Gondwana Ocidental. Este tipo de barreira mantélica altera o padrão de circulação de fluídos, influenciando até mesmo na formação do magmatismo da Província Ígnea de Etendeka – magmatismo toleítico de Baixo Ti/Y, Sumbe Chain - magmatismo sódio alcalino e transicional, Walvis Ridge – magmatismo toleítico a alcalino, e presença de carbonatitos. A estrutura EW - Malange Uplift, que limita o Cráton Angolano do Cinturão Kimezian (Proterozoico) e das sequências do Cinturão do Oeste do Congo (Pan-Africano) se apresenta bem marcada nos perfis regionais de tomografia sísmica da onda P, o que também evidenciaria a heterogeneidade mantélica dessa região. Alterações na resposta geofísica ao longo das bordas do Oeste Africano SubSaariano podem ajudar a compreender a história de rifteamento, fornecendo informações sobre a localização de segmentos litosféricos mais ou menos resistentes.

Palavras Chave

tomografia sísmica; Herança tectônica; Margens do Oeste Africano SubSaariano

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Maria Alice Nascimento Fagundes de Aragão, Luizemara Szameitat, Monica Heilbron, Francisco José Fonseca Ferreira, Alessandra de Barros e Silva Bongiolo