51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ESTRATÉGIA DE GEOCONSERVAÇÃO ESCALÁVEL: UMA PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DE GEOSSÍTIOS

Texto do resumo

Introdução: A sociedade reconhece muitos elementos da geodiversidade com valores excepcionais, os geossítios, com enorme potencial de efetivação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e iniciativas Ambientais, Sociais e de Governança Corporativa (ASG). A geoconservação é reconhecida de forma ampla no meio acadêmico, tendo sido verificado no Brasil um volume significativo de dissertações e teses entre 2010 e 2020. Todavia, essas pesquisas foram majoritariamente sobre inventários de patrimônio geológico e geoturismo. Objetivos: Esse trabalho se propõe a demonstrar o descompasso entre o volume significativo de pesquisas e formação de mestres e doutores, em comparação com os raros geossítios com a efetivação de uma estratégia de geoconservação sistemática. Nesse cenário, busca-se alertar para urgência da geoconservação ser reconhecida não somente como uma disciplina acadêmica, mas também como uma área técnica aplicada das geociências. Para tanto, precisa ganhar mais espaço e representatividade em políticas públicas, com responsabilidades bem definidas no âmbito municipal, estadual e federal, bem como nas diretrizes corporativas, principalmente ligadas à sustentabilidade. Método: São conhecidos desde meados dos anos 2000 métodos associados a estratégias de geoconservação, como no caso de Portugal e do Reino Unido. Foi elaborado um diagnóstico do cenário brasileiro sobre a aplicação sistemática da geoconservação, no sentido de verificar como estão sendo gerenciados locais/áreas selecionados, ou seja, se no processo de uso estão sendo consideradas as etapas de uma estratégia de geoconservação. Questionários foram enviados a áreas públicas, privadas e sob concessão, inseridas em Unidade de Conservação (UC), minerações ativas, cinco Geoparques Mundiais da UNESCO (GMU), dois Aspirantes a GMU e três projetos de geoparque. Resultados: Foram obtidos dados referentes a 157 geossítios brasileiros, com resultados demonstrando que a geoconservação está sendo constituída com iniciativas fragmentadas e, principalmente, sem um documento de gerenciamento que integre todas as etapas de um determinado método. Este contexto levou à proposição de um novo método, denominado de Estratégia de Geoconservação Escalável (EGE), a qual tem bases em procedimentos conhecidos e está dividida em três fases: i) certificação; ii) implementação; e iii) gestão do geossítio, todas com suas respectivas etapas sequenciais. O caráter escalável cria a oportunidade de instituições/empresas (órgãos ambientais; concessionárias de unidades de conservação, rodovias ou ferrovias, etc.) atuarem de forma pontual, na conservação desde apenas um geossítio, até casos de grandes corporações do setor de extração mineral em suas diversas unidades espalhadas pelo país. O ciclo que se inicia após a fase de implementação é fundamental, com a administração do geossítio em quatro programas: Operacional, Conservação, Uso e Comunicação, cada um com metas, ações e prazos de revisão definidos. Conclusão: A EGE está estruturada na integração de vários campos do saber, traduzida em múltiplos profissionais possíveis de atuação no processo, bem como em instituições que poderão implementá-las e consequentemente mensurar os benefícios. Com isso, a geoconservação executada de forma sistemática tem o poder de fomento e articulação para concretizar vários dos 17 ODS e iniciativas ASG, amplamente adotados como pautas de sustentabilidade de gestores públicos e de grandes corporações.

Palavras Chave

Geoconservação; Geodiversidade; Geociências; gestão; Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

Jean Carlos Vargas, Gilson Burigo Guimarães