51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CURITIBA, ÁREAS PROTEGIDAS E MINERAÇÃO: UMA CONEXÃO PELA GEOCONSERVAÇÃO

Texto do resumo

Introdução: Elementos marcantes da geodiversidade paranaense estão vinculados às raízes históricas de Curitiba, pois a povoação denominada de Vilinha, às margens do rio Atuba, é considerada como a origem da cidade em 1653, fruto das primeiras incursões portuguesas em busca de riquezas minerais (ouro) no Brasil, no fluxo entre o litoral e o planalto. Após mais de 300 anos, quando se inicia uma mobilização ecológica global com uma visão de preservação da natureza, Curitiba se destaca no cenário nacional com iniciativas que, mesmo sem fazer referência aos conceitos, têm como base os valores geossistêmicos da geodiversidade, criando parques para o saneamento e a regulação de águas pluviais, muitos deles em áreas que previamente tiveram atividades minerárias. Objetivos: Este trabalho procura demonstrar como Curitiba implementou (involuntariamente) ações de geoconservação. Pretende-se abordar alguns rótulos (capital ecológica e outros) que a cidade recebeu nas últimas cinco décadas, afastando-se do que os críticos urbanistas chamam de estratégia de city marketing, mas explorando a relação da exposição e divulgação dos elementos da biodiversidade em detrimento da geodiversidade em áreas protegidas (AP), as quais tiveram atividades de mineração no seu histórico. Busca-se também demonstrar como a criação de AP em antigas áreas de mineração é uma boa oportunidade para implementar as iniciativas ambiental, social e de governança entre as empresas do setor e as cidades, seja qual for o tamanho da operação minerária ou do município. Método: Foram pesquisadas 47 AP de Curitiba, no intuito de identificar quais tiveram atividades minerárias no local ou no seu entorno imediato. Foram identificadas 10, sendo 8 parques, um bosque e o zoológico. Foi submetido à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) de Curitiba um questionário com 52 questões para averiguação de eventuais ações do órgão no âmbito das etapas de uma estratégia de geoconservação. Questionou-se se a instituição considera o conceito de geodiversidade e geoconservação na gestão de suas áreas protegidas. As informações obtidas foram confrontadas com as atividades de campo nas 10 áreas. Resultados: Os resultados indicaram que a SMMA não possui programas e/ou planos de gestão para as 10 áreas protegidas que contemplem a geodiversidade, no âmbito dos conceitos de geossítio, patrimônio geológico e geconservação. Apenas um dos parques apresenta painéis de interpretação ambiental com aspectos relacionados à geologia, bacia hidrográfica e risco geotécnico. A divulgação dessas AP no website da SMMA apresenta, em sua grande maioria, apenas informações sobre a flora e a fauna. Conclusão: A cidade de Curitiba tem uma grande oportunidade de continuar sendo reconhecida nacionalmente, em uma posição de vanguarda nas questões ambientais, uma vez que possui uma rede de áreas protegidas com forte vínculo com os elementos abióticos que forjaram a cidade. Essa oportunidade será concretizada com o reconhecimento e menção da geodiversidade em suas políticas públicas ambientais, associando a geconservação como uma das iniciativas de sustentabilidade que a cidade promove. Finalmente, isso poderá servir de exemplo para que outros municípios, que possuem atividades minerárias, possam articular com os empreendedores o estabelecimento de ativos ambientais e sociais no fim das operações, podendo proporcionar impactos positivos de ordem ambiental, educacional, cultural e econômica para a comunidade.

Palavras Chave

Ativo ambiental; Ativo social; Capital natural; Geoconservação; Mineração

Área

TEMA 01 - Geociências para a sociedade e Geoética

Autores/Proponentes

Jean Carlos Vargas, Gilson Burigo Guimarães