51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DE VEIO DE QUARTZO AURÍFERO DA MINA CHICO REI (ENCARDIDEIRA) – OURO PRETO, MINAS GERAIS

Texto do resumo

A mina Chico Rei (Encardideira), localizada em Ouro Preto, Minas Gerais, é um geossítio reconhecido internacionalmente e representa um dos símbolos da corrida do ouro no Brasil colonial do início do século XVIII, mas ainda pouco se sabe sobre a composição química de sua mineralização aurífera. Este resumo apresenta resultados de análise química de rocha total para dosar elementos traços, incluindo elementos terras raras (ETR), em amostras de filão de quartzo aurífero, contendo cavidades e impregnações de oxihidróxido de Fe e Mn, e sua rocha encaixante, um filito cinza parcialmente avermelhado ao longo do contato com o filão. O depósito, localizado no flanco sul do anticlinal Mariana, foi desenvolvido em rochas metassedimentares do Grupo Caraça e Itabirito Cauê, de idade Neoarqueana, do Supergrupo Minas. O Grupo Caraça, que é a sequência basal do Supergrupo Minas, apresenta na mina Chico Rei quartzito e sericita filito cinza, respectivamente, da Formação Moeda e Formação Batatal. Muito dos áditos de acesso cortam itabirito, rocha característica da unidade Itabirito Cauê. O filão de quartzo aurífero é subvertical, de direção 220°, e exibe forma cuneiforme. O filão corta itabirito na capa e filito cinza na lapa, a foliação dos quais tem direção de mergulho 216°/40° e 188°/30°, respectivamente. Com espessura máxima exposta de 0,80 m, o filão apresenta três direções principais de fraturas: 320°/88°, 250°/33° e 156°/70°. As fraturas têm impregnações de oxihidróxido de Fe e Mn. Quatro amostras de canal do filão e uma amostra de mão do filito encaixante, imediatamente adjacente ao filão, foram coletadas, cominuídas em britador de liga ferromanganês e pulverizadas em grau de ágata. As amostras foram analisadas no laboratório ALS, Galway, Irlanda, para: Au por espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente (ICP-AES, fire assay); ETR por espectrometria de massa (ICP-MS) a partir de fusão com borato de lítio; As, Bi, Sb e Te por ICP-MS (digestão por água régia); e Cu, Pb e Zn por ICP-AES (digestão por quatro ácidos). Os valores de Au estão entre 0,02 ppm (filito encaixante) a 20,8 ppm (filão). Todas as amostras apresentam conteúdos de As superiores a 250 ppm, enquanto aqueles de Bi, Te, Sb variam entre 0,8 e 12,9 ppm Bi, entre 0,8 e 8,8 ppm Te, e entre 1,6 e 12,1 ppm Sb. Cobre, Zn e Pb têm valores entre 119 e 544 ppm Cu, entre 21 e 94 ppm Zn, e entre 5 e 39 ppm Pb. Conteúdos totais de ETR estão entre 102 e 358 ppm. Quando normalizados a PAAS (Post-Archaean Australian Shale), os ETR exibem distribuição variável, com e sem anomalia positiva de Ce, Ce/Ce* entre 0,8 e 1,6, onde Ce/Ce*=Ce(PAAS)/(La x Pr)0,5(PAAS), e razão La(PAAS)/Yb(PAAS) tanto >1 como <1. Valores de Eu/Eu*, onde Eu/Eu*=Eu(PAAS)/(Sm x Gd)0,5(PAAS), estão entre 0,9 e 1,2, atingindo a razão Eu/Eu(PAAS) o valor de 2,1. Os conteúdos relativamente baixos de Cu, Zn e Pb, e o enriquecimento em As, assim como cavidades e impregnações de oxihidróxido de Fe e Mn no filão de quartzo aurífero, indicam que a mineralização filoniana é do tipo gold-only, a partir da oxidação de sulfeto, mormente arsenopirita. O comportamento variável dos ETR sugere diferentes estágios de oxidação por solução de baixa temperatura, ora com predomínio da assinatura do filão (e.g., Eu/Eu(PAAS) = 2,1), ora com predomínio da assinatura secundária, rica em oxihidróxido de Fe e Mn.

Palavras Chave

Ouro; geoquímica; Anticlinal Mariana; gold-only; Chico Rei

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

Igor Mendes de Oliveira, Alexandre Raphael Cabral, Adolf Heinrich Horn