51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Cronologia relativa da deformação cataclástica no granito Urtiga (NE Brasil)

Texto do resumo

A Província Borborema, situada no nordeste do Brasil, desempenha um papel significativo na evolução geotectônica da orogenia Brasiliana. O limite sul da zona de cisalhamento Patos (ZCP) é caracterizado por milonitos resultantes da deformação de gnaisses paleoproterozóicos, sequências metassedimentares neoproterozóicas, bem como intrusões graníticas e granodioríticas. O granito Urtiga ocorre como um corpo alongado, alinhado na direção ESE-WNW, paralelo à ZCP. No entanto, estruturas indicativas de deformação rúptil-dúctil são observadas de forma ampla ao longo desta intrusão, as quais sugerem que a história tectônica compreende uma progressão deformacional. Neste sentido, esta pesquisa concentra-se na caracterização estrutural e textural das feições deformacionais rúpteis observadas no pluton Urtiga, com o objetivo de melhor compreender os processos de localização da deformação ao longo do segmento sul da ZCP. Foram identificados dois domínios microestruturais que caracterizam a deformação rúptil: 1) O domínio dos porfiroclastos, composto por clastos micrométricos a milimétricos de K-feldspato e plagioclásio, e 2) O domínio da matriz, que consiste em uma matriz recristalizada composta por grãos finos de plagioclásio, K-feldspato, quartzo e biotita. Nos porfiroclastos de plagioclásio, observam-se sericitização e maclas mecânicas; além de pertitas. A matriz recristalizada é marcada por grãos de K-feldspato com formas levemente arredondadas. O quartzo apresenta formas irregulares com limites curvos a retos, e os cristais de biotita são alongados e paralelos à foliação milonítica, com direção E-W. O domínio dos porfiroclastos exibe diversas microfraturas, sendo elas divididas em três tipos: i) o tipo 1 consiste em fraturas não preenchidas que apresentam direção paralela à foliação milonítica E-W, e possuem uma espessura entre 50 e 200 μm. Algumas destas fraturas não afetam somente os porfiroclastos, mas se estendem pela matriz; ii) as fraturas do tipo 2 caracterizam estruturas preenchidas com espessuras compreendidas entre ~100 a 200 μm. Conforme atingem o centro dos porfiroclastos, o preenchimento da fratura é marcado por um aumento do tamanho dos grãos, que variam de ~30 a 75 µm. Estes grãos possuem contatos retilíneos entre si, e consistem essencialmente de quartzo recristalizado, plagioclásio e K-feldspato. As fraturas do tipo 2 estabelecem relações de corte e truncamento com as fraturas tipo 1, não preenchidas, indicando serem posteriores a estas. Localmente, a matriz apresenta duas relações com as fraturas, sendo uma delas a interação por meio de mistura com o preenchimento da descontinuidade, e a outra sendo cortada por fraturas que afetam porfiroclastos, originando uma fratura trasngranular preenchida; iii) as fraturas tipo 3 não são preenchidas, porém diferem do tipo 1 em relação às dimensões, sendo menores e menos espessas, variando de ~25 a 55 μm. As fraturas tipo 3 cortam as fraturas preenchidas tipo 2 e as do tipo 1, indicando serem as mais recentes. Os estudos preliminares sugerem que a complexidade da deformação observada é um reflexo direto da dinâmica entre os regimes dúctil e rúptil. A localização específica desta deformação na zona de transição rúptil-dúctil indica uma sensibilidade à variação de profundidade, possivelmente associada aos incrementos mecânicos finais envolvidos no alojamento do pluton, os quais constituem um fator chave na análise dos processos deformacionais atuantes em zonas de cisalhamento crustais.

Palavras Chave

Província Borborema; Zona de cisalhamento Patos; Deformação rúptil-dúctil; Tectônica; MAGMATISMO

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Yasmin dos Santos Pereira, Luis Gustavo Ferreira Viegas