Dados da Submissão
Título
Arcabouço Estratigráfico de Sequencias em Depósitos de Águas Profundas – Um Ensaio para a Fm Skoorsteenberg, Sub-Bacia de Tanqua-Karoo, África do Sul
Texto do resumo
Introdução
A Estratigrafia de Sequencias (ES) é uma metodologia que visa determinar unidades de rochas geneticamente relacionadas em uma estrutura cronoestratigráfica. Tal metodologia considera que a alternância de estratos com diferentes padrões de empilhamento corresponde à resposta sedimentar da interação entre as variação da acomodação e do aporte sedimentar. O efeito de tais parâmetros sobre grandes porções de uma bacia suporta as correlações estratigráficas por tendências e superficies deposicionais.
No caso do ambiente de águas profundas, algumas características específicas deste meio tornam a análise da ES uma tarefa difícil. O espaço de acomodação sempre disponível, o caráter episódico dos processos de sedimentação e a fisiografia rugosa da superfície deposicional oferecem tantas incertezas que, muitas vezes, a solução de interpretação proposta superestima a contribuição autogênica. No entanto, com a evolução dos conceitos, a ES tem se demonstrado útil também nestes sistemas. Modelos análogos, como a seção aflorante da Fm Skoorsteenberg, Sub-Bacia de Tanqua-Karoo, na África do Sul, podem ajudar nestes avanços.
Objetivos
Neste trabalho é apresentada uma comparação dos padrões de empilhamento que ocorrem nos ambientes vizinhos a linha de costa com uma proposta para se pensar na organização dos padrões contemporâneos esperados para o ambiente de águas profundas durante um ciclo completo de variação do nível base.
Método
Utilizando os depósitos da Fm Skoorsteenberg, Sub-bacia de Tanqua, Bacia do Karoo, são localizadas as superfícies da ES que ocorrem tanto na porção desconfinada dos depósitos de lobos, como na porção proximal dos complexos de canais de base de talude. Adicionalmente, é feito um ensaio de como as sequencias de mais alta frequência se organizam em cada um destes contextos de águas profundas.
Resultados
A despeito das características particulares do ambiente de águas profundas, é possível estabelecer um arcabouço cronoestratigráfico, apontando no registro sedimentar as posições mais prováveis das superfícies da ES.
Conclusões
A Superfície Basal da Regressão Forçada é identificada na base dos depósitos de fluxo de detritos lamosos, quando presentes, e está abaixo dos primeiros depósitos de areias de fluxos gravitacionais sedimentares turbidíticos. A Conformidade Correlativa marca o final do padrão de crescimento, correspondendo ao topo do Trato de Sistemas de Estágio de Queda, e caracteriza o início do padrão de retração dos depósitos turbidíticos. Esta superfície é geralmente encontrada próxima ao topo dos depósitos de espraiamentos terminais (lobos) e à base dos complexos de canais em regiões proximais. A Superfície de Regressão Máxima tende a se localizar próxima ao topo dos depósitos turbidíticos, indicando o momento em que a deposição dos sedimentos diminui drasticamente e tende a cessar em águas profundas. Isso ocorre devido à retenção de sedimentos na plataforma durante o aumento da acomodação no Trato de Sistema Transgressivo. Este processo gradualmente evolui para uma seção condensada, culminando no intervalo lamoso de menor energia em águas profundas, correlacionado à Superfície de Inundação Máxima registrada no final da transgressão. Este intervalo é geralmente caracterizado por sedimentos hemipelágicos de granulometria fina, pouco espessos e ricos em matéria orgânica, que eventualmente permitem a individualização de grandes unidades arenosas de depósitos turbidíticos.
Palavras Chave
Estratigrafia de Sequências; Águas Profundas; Fm Skoorsteenberg; Bacia do Karoo
Área
TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia
Autores/Proponentes
André De Gasperi, Tiago Agne Oliveira, Daniel Galvão Carnier Fragoso