Dados da Submissão

Título

DIFERENÇAS NO PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE ELEMENTOS TERRAS RARAS E ÍTRIO EXTRAÍDOS POR ÁGUA-RÉGIA E POR QUATRO ÁCIDOS

Texto do resumo

Os elementos terras raras e ítrio (ETRY) encontram amplo uso na indústria tecnológica devido às suas propriedades, como magnetismo e absorção/emissão de luz. O Brasil possui a terceira maior reserva mundial, atrás da China e Vietnam. A medição dos ETRY em materiais geológicos, realizada por ICP-MS, requer a dissolução das amostras, que pode ser feita por fusão com metaborato de lítio ou peróxido de sódio ou a partir da extração parcial com água-régia ou com 4 ácidos. Este trabalho compara resultados de ETRY e seus padrões de distribuição normalizados pelo PAAS em distintas amostras de solo e rocha, obtidos após a digestão parcial por água-régia (HCl:HNO3, 3:1) e digestão com 4 ácidos (HF + HClO4 + HNO3 + HCl). As frações mássicas de ETRY foram mensuradas por ICP-MS em 7 amostras de solo (5 de alteração do basalto da Fm. Serra Geral; 1 de alteração do arenito da Fm. Itaqueri; 1 de alteração do arenito da Fm. Piramboia) e 4 amostras de rocha (1 de diabásio da Fm. Serra Geral; 2 de arenito da Fm. Piramboia e 1 de arenito silicificado da Fm. Botucatu). O material de referência BRP-1 (basalto) foi usado para controle de qualidade. A mineralogia foi determinada por difração de raios X. Os maiores somatórios de ETRY (ƩETRY) obtidos pelas digestões com 4 ácidos e por água-régia foram de 2.361 mg/kg e 1.884 mg/kg, respectivamente, para amostra de solo de alteração do basalto. Os menores ƩETRY, de 13 mg/kg e 4 mg/kg, foram obtidos, respectivamente, para a digestão com 4 ácidos e água-régia da amostra de solo de alteração da Fm. Itaqueri. Em todas as amostras, o ƩETRY após digestão por água-régia é inferior ao ƩETRY obtido na digestão por 4 ácidos, variando de 2% (solo derivado de basalto) a 77% (solo da Fm. Itaqueri). Embora essas diferenças entre os procedimentos de digestão já estejam consolidadas na literatura, visto que a água-régia ataca leve a moderadamente silicatos e óxidos, poucos estudos exploram as consequentes diferenças nos padrões de ETRY e suas anomalias. Na digestão com 4 ácidos das amostras de rocha básica (cuja mineralogia é dominada por feldspato e piroxênio), a anomalia de Eu é positiva (típica dos feldspatos da Fm. Serra Geral), enquanto os resultados obtidos na digestão por água-régia mostraram anomalias negativas de Eu. Essa diferença não é observada nas amostras de solo, pois os minerais primários já foram hidrolisados, restando caulinita e óxidos-hidróxidos de ferro. Os resultados também mostraram variações nos padrões de ETR leves e ETRY pesados. A maior diferença foi entre os ETRY pesados, chegando a ser 90% menor no solo da Fm. Itaqueri após digestão por água-régia. Nos solos da Fm. Serra Geral a relação é inversa, com o teor de ETR leves até 59% inferior com a digestão por água-régia. Esses resultados mostraram que para a avaliação e comparação do padrão de ETRY entre diferentes amostras e/ou campanhas de investigação deve-se dar especial atenção à digestão utilizada, visto que os padrões de distribuição e as anomalias podem apresentar variações controladas pela mineralogia e grau de intemperismo químico das amostras estudadas. Conhecer bem a composição mineral das amostras, inclusive dos minerais traços que podem alojar grande quantidade de ETR, é desejável. Infelizmente a DRX, como em geral é usada, não permite chegar a esse refinamento.

Palavras Chave

mineralogia; anomalia de Eu; prospecção geoquímica