51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ANÁLISE GEOFÍSICA APLICADA À CARACTERIZAÇÃO DE RISCO GEOTÉCNICO NO BAIRRO TAQUARAL, OURO PRETO - MG

Texto do resumo

Ouro Preto, a primeira capital de Minas Gerais, tem um histórico de acentuada ocupação, especialmente durante o Ciclo do Ouro. A intensa variação na geomorfologia, a ampla diversidade das litologias presentes e a complexidade das estruturas geológicas, aliadas à ocupação desorganizada do território, culminam em uma série de desafios geotécnicos, o que representa uma ameaça significativa à segurança da população local. Dentro deste contexto, esse trabalho aprofundou os estudos realizados em 2016, pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em parceria com a Defesa Civil de Ouro Preto, pois a área de estudo, Bairro Taquaral, identificaram-se e categorizaram-se áreas de alto e muito alto risco geotécnico. O objetivo do trabalho foi introduzir informações de subsuperfície, de forma a compreender as características da área de rastejo no citado bairro. É importante destacar que a região é estruturalmente atravessada pela Falha de São Bento, além disso, a área concentra uma série de estruturas geológicas, incluindo descontinuidades planares, falhas e fraturas. Essas características geológicas aumentam o risco geotécnico e podem intensificar os processos de movimentação de massa na área. Neste intuito, utilizou-se a Geofísica como ferramenta de análise em subsuperfície. Empregaram-se os métodos de magnetometria (aérea e terrestre) para caracterizar o comportamento das estruturas em profundidade; aerogamaespectrometria para auxiliar o mapeamento geológico da área; gravimetria terrestre para apontar as cavidades caso presentes; e eletrorresistividade, tanto no período seco quanto no chuvoso com a finalidade de verificar o fluxo de água em subsuperfície. Ademais, realizou-se um aerolevantamento por drone, para obter imagens de alta resolução e gerar Ortofotomosaico e Modelos Digitais de Elevação, além de contribuir para o reconhecimento da área e possibilitar a identificação de áreas que apresentam instáveis ou mesmo inacessíveis. A análise integrada dos mapas temáticos dos dados aerolevantados permitiu a definição dos locais para o levantamento terrestre. Por meio da técnica da Deconvolução de Euler dos dados de magnetometria e gravimetria, obteve-se o imageamento 3D em profundidade das estruturas. Observou-se que a área é polideformada e possui várias descontinuidades planares, que podem favorecer a ocorrência de movimentos de massa. No início de 2022, após precipitação pluviométrica intensa e prolongada culminou em várias áreas de instabilidade geológica-geotécnica, as quais foram catalogadas. As campanhas de eletrorresistividade mostraram que essas zonas são ativadas durante o período chuvoso, pois as descontinuidades planares, como falhas, facilitam a percolação de água no perfil. Dado que a região é atravessada pela Falha de São Bento, o processo de saturação é facilitado pelas diversas descontinuidades presentes. O aumento do nível do lençol freático contribui para a predisposição a movimentos de massa na área. O contraste de resistividade permitiu inferir nos perfis que a rocha sã se encontra a uma profundidade de 15 a 20m.
Com base nos novos dados de subsuperfície, definiram-se áreas de risco potencial. Este trabalho conclui que a investigação de subsuperfície é fundamental para entender as estruturas em profundidade que influenciam a susceptibilidade a movimentos de massa. É uma abordagem indireta e não invasiva que pode ser aplicada em outras áreas de alto risco geotécnico.

Palavras Chave

Geofísica; Geologia; Geotecnia; Aerofotogrametria; Rastejo.

Área

TEMA 15 - Geofísica

Autores/Proponentes

Rafaela Elizabete Araújo Maia, Maria Sílvia Carvalho Barbosa, Luis Artur Souza Oliveira, Joney Justo