51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Dados potenciais sugerem uma crosta híbrida subjacente à Elevação do Rio Grande (ERG)

Texto do resumo

A Elevação do Rio Grande é reconhecidamente um imenso platô oceânico, disposto simetricamente à Cadeia Walvis na porção meridional do oceano Atlântico Sul. Ambas as feições são notáveis províncias ígneas, formadas nas placas Sul-Americana e Africana, respectivamente, principalmente pelo vulcanismo causado por um provável ponto quente em erupção na Cordilheira Mesoatlântica durante o Cretáceo Superior. A complexidade morfológica, magmática e estrutural destas feições, todavia, implicam em uma evolução tectônica ainda não completamente compreendida.
Analisamos de forma integrada dados potenciais, de satélite e navio, sobre a ERG e seu entorno regional, visando debater e proporcionar subsídios sobre a natureza da crosta subjacente a ERG. O mapa da anomalia de gravidade Bouguer residual permite observar áreas com grande déficit de massa em meio a destacadas áreas de alta densidade, provavelmente, associadas a elevações do manto. A ERG, apresenta destacado déficit de massa como evidenciado pela anomalia Bouguer de sinal negativo.
Em conjugação com os dados gravimétricos, analisamos dados magnetométricos, com o objetivo de construir uma seção crustal numericamente modelada pelo método direto de modelagem conjunta de anomalias gravimétricas e magnéticas, com reconhecidos vínculos geológicos. A aplicação dessa metodologia, que é análoga à inversão conjunta das anomalias de gravimetria e magnetometria, envolveu meticuloso trabalho de tentativa e erro, que ao final mostrou ajustes aceitáveis para as anomalias simultaneamente.
A seção crustal modelada resultante, sustenta uma intepretação de crosta híbrida na base da ERG. A porção superior é formada por crosta oceânica (ou basaltos estratificados) com espessuras em torno de 8 km e recoberta por um horizonte de sedimentos carbonáticos finos em torno de 1 km, tal como mostrado pelo testemunho de perfuração Deep Sea Drilling Project (sítio 516). A porção inferior basal, com espessura superior a 20 km, é formada por material mantélico, possivelmente associado a magmas resultantes do manto elevado e depletado. Ademais, é provável a ocorrência de fragmentos de crosta continental inseridos entre os horizontes magmáticos, como restos do processo tectono-magmático associado a própria expansão do oceano em face ao ponto quente do Atlântico Sul.
A permanência de fragmentos de crosta continental no embasamento vulcânico da ERG seria resultante de um processo de espalhamento oceânico isolado balizado pelas Zonas de Fratura de Florianópolis e Uruguai. Essas zonas de fratura, por sua vez, afetaram tectonicamente áreas cratônicas formando um corredor, desde o bordo continental até o oceano. Há também evidências de saltos de centros de expansão de crosta oceânica e riftes abortados, desde o Platô de São Paulo até a ERG.
Blocos originados da quebra das áreas cratônicas continentais, permaneceram inseridos entre as zonas de fratura, como obstáculos resistentes a expansão de crosta oceânica, o que explica os diversos saltos de centros de expansão oceânica. Tais blocos continentais, por sua vez, acabaram engolfados por grandes volumes de magmas, revelando assim uma forma peculiar de underplate magmático.
A hipótese sugerida pelo modelo é de que a ação da pluma mantélica de Tristão da Cunha, geradora do intenso magmatismo em toda região, “canibalizou” fragmentos de blocos continentais, produzindo o que se pode chamar de uma crosta híbrida sob a ERG.

Palavras Chave

Elevação do Rio Grande; Evolução do Atlântico Sul; Gravimetria e Magnetometria

Área

TEMA 15 - Geofísica

Autores/Proponentes

André Etienne Ferraz, Sidney Luiz de Matos Mello, Luiz Antonio Pierantoni Gamboa, Cleverson Guizan Silva