Dados da Submissão
Título
ANISOTROPIA DE SUSCEPTIBILIDADE MAGNÉTICA DO ENXAME DE DIQUES RIO CEARÁ-MIRIM: CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PADRÕES DE FLUXO MAGMÁTICO E ZONAS DE ALIMENTAÇÃO
Texto do resumo
A anisotropia de susceptibilidade magnética (ASM) é um método geofísico amplamente utilizado para caracterizar o fluxo magmático preservado nos estágios finais de cristalização e resfriamento de rochas ígneas. As direções principais de ASM (k1 > k2 > k3) definem a lineação magnética (k1), geralmente alinhada na direção do fluxo magmático, enquanto a foliação magnética (k3) define o plano de fluxo. A técnica foi aplicada ao enxame de diques máficos Rio Ceará-Mirim (RCM) no Nordeste do Brasil. Os diques se distribuem em três subenxames principais E-W, NE-SW e NW-SE, totalizando mais de 1.100 km de extensão. Os ramos convergem para uma região próxima ao Rifte Potiguar que, juntamente com a colocação dos diques, se formou durante um episódio de distensão crustal de direção NW-SE no Cretáceo Inferior. Foram analisadas a ASM em 110 sítios de amostragem. Nestes, os valores de susceptibilidade magnética >10-2 SI, curvas termo-magnéticas de baixa e alta temperatura e parâmetros de histerese indicam que o mineral responsável pelo marcante sinal magnético é a titanomagnetita. Os dados direcionais de ASM foram filtrados para definir a trama magnética normal, inversa e dispersa. A trama normal (foliação magnética (sub)paralela ao plano do dique) mostrou que a região onde os sub-enxames convergem apresenta uma forte inclinação de k1, interpretada como uma zona de fluxo ascendente do magma. Zonas de alimentação de menor expressão ocorrem ainda na interseção do sub-enxame E-W e necks vulcânicos terciários. Nos demais setores do RCM predominam lineações magnéticas de baixa inclinação contendo foliações alinhadas com o plano dos diques. Tramas magnéticas dispersas e tramas magnéticas inversas, onde k1 é perpendicular ao contato do dique com as rochas encaixantes e k3 sub-horizontal, foram identificadas em uma proporção subordinada dos sítios de amostragem. As primeiras devem estar relacionadas aos efeitos da erosão superficial tardia que movimentou os blocos de rocha amostrados para ASM, enquanto as tramas inversas podem estar relacionadas ao campo de tração vigente durante o fraturamento, colocação e resfriamento dos diques. Os resultados são consistentes com um modelo de intumescimento crustal e colocação de magmas máficos que ocupam preferencialmente um sistema de fraturas radiais com foco centrado a SW da Bacia Potiguar, onde a lineação magnética é consistente com o fluxo ascendente dos magmas. A distensão regional sin-magmática de direção NW-SE indica que os diques NE-SW se colocaram em fraturas de tração, enquanto os diques E-W teriam experimentado uma componente de deformação anti-horária durante o alojamento e resfriamento do magma. Nesse contexto, a forte similaridade dos toleítos de alto TiO2 (>3%), P2O5 (>0,4%) e Sr (>400 ppm) do RCM com aquelas rochas encontradas na Província do Paraná permite inferir que esses sistemas de condutos pode ter exibido algum tipo de conexão durante o desenvolvimento do sistema de riftes do Atlântico Sul. Neste contexto, evidências de uma importante zona de alimentação nos diques RCM abrem precedentes para que a fonte de magmas de alto Ti-P-Sr poderia estar centrada no Nordeste do Brasil, e de lá poderia ter migrado para o norte da Província do Paraná, onde esses tipos também são abundantes.
Palavras Chave
diques máficos; magnetismo de rocha; Atlântico Sul; EQUAMP
Área
TEMA 19 - Magmatismo e Processos Petrogenéticos
Autores/Proponentes
Antomat Avelino Macêdo Filho, Carlos José Archanjo, Carlos Fernando Ávila, Maria Helena Hollanda, Ravi Sampaio