51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ANÁLISE TAFONÔMICA DE FORAMINÍFEROS NA RECONSTRUÇÃO PALEOECOLÓGICA E PALEOAMBIENTAL DA FORMAÇÃO MARAJÓ, NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ, BRASIL.

Texto do resumo

Durante o Neógeno (24 a 2,5 Ma), houve uma série de eventos regressivos-transgressivos na costa da Amazônia Oriental devido à subsidência tectônica, levando a uma diminuição da sedimentação carbonática e aumento da deposição de siliciclásticos, o que influenciou a diversificação biótica em ambientes transicionais. Na Bacia do Marajó, nordeste do Estado do Pará, estudos recentes têm mostrado uma grande diversidade de foraminíferos na Formação Marajó. Assim, esta pesquisa pretende caracterizar estes foraminíferos cenozoicos, integrando análises tafonômicas quantitativas, dinâmicas paleoecológicas das assembleias fossilíferas e estudos taxonômicos nas reconstruções paleoambientais e na caracterização bioestratigráfica desta sequência siliciclástica-carbonática. Foram estudadas amostras com potencial micropaleontológico de alíquotas de um poço proveniente do município de Inhangapi (01º25’50,8”; 47º54’30,5”), cedidas pelo projeto RIMAS-BELÉM e armazenados na litoteca do SGB. Durante a pesquisa foram realizadas a caracterização taxonômica, análises tafonômica e microscopia eletrônica de varredura. As assembleias microfossilíferas da Formação Marajó na localidade de Inhangapi refletem uma comunidade de foraminíferos costeiros transicionais com sinais de processos abrasivos, quebra, dissolução, bioerosão, entre outros. As espécies identificadas apresentam diversidade e distribuição variáveis, moldada pela sazonalidade e mudanças ambientais, sedimentares e paleoceanográficas. A avaliação tafonômica priorizou a identificação de aspectos como morfologia, composição e tipo de carapaça, sendo esta assembleia fossilífera composta por espécies de testas hialinas (>80%), espécies do tipo porcelanas (<20%) e ausência de aglutinadas. Os foraminíferos encontrados registram de forma geral boa preservação, sendo registradas maioritariamente espécies alóctones como Pyrgo sp., Cassidulina sp., Oolina sp., Lagena sp., Bulimina sp., sem nenhuma alteração mecânica e Quinqueloculina sp., Uvigerina sp., espécies de coloração inalterada ou branca. Agentes característicos de processos de ressedimentação são evidenciados pelo desgaste, perda do molde externo e a alta fragmentação nas espécies Cibicides sp. e Hanzawaia sp, Cassidulina sp., Sorites sp. Reelaboração e compactação de testas refletido nas porcentagens de dissolução e substituição primária de calcita, com diversas alterações de microestrutura, textura, forma, tamanho e espessura são observadas nas paredes das espécies autóctonas representativas como Quinqueloculina sp., Bucella sp., Bulimina sp., Melonis sp., Ammonia sp., Elphidium sp., Bolivina sp. O dinamismo deste ambiente nerítico é evidenciado pela presença de espécies alóctones de macroforaminíferos com assinaturas de abrasão, provavelmente transportadas por tração/arrastro como Amphistegina lessonii, Lenticulina rotulata, Cibicides sp., e Sorites orbiculus, indicativos de sedimentos arenosos duros, flutuações de salinidade e comunicação com mar aberto. Igualmente espécies dos gêneros Ammonia sp., Elphidium sp., Bucella sp., Bolivina sp., dominam as comunidades próprias de mangues e planícies de inundação (low mangrove-mudflat) de substrato argiloso, sendo a última indicativa da alta presença de matéria orgânica, dentro de ambientes restritos como estuários, lagoas eutróficas hipersalinas e zonas de intermaré como os paleoambientes definidos na Formação Marajó.

Palavras Chave

Microfósseis; Bacia do Marajó; Neógeno; Tafonomia.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Tayana Sarmento Saraiva, Laura estefania Garzón Rojas, Afonso César Rodrigues Nogueira, Joelson Lima Soares