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Título

ASSOCIAÇÕES GEOQUÍMICAS MULTIELEMENTARES DE Fe e ELEMENTOS POTENCIALMENTE TÓXICOS EM SEDIMENTOS DE CORRENTE NO QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG

Texto do resumo

O Quadrilátero Ferrífero (QF) é uma região de grande relevância geológica e metalogenética, situada em importantes bacias hidrográficas brasileiras (rios Doce e São Francisco). O mapeamento geoquímico permite estabelecer limites de referência como background e baseline geoquímico e é crucial para determinar concentrações naturais de elementos e detectar contaminações antrópicas. O projeto Background Geoquímico do Quadrilátero Ferrífero (BGQF) concentrou esforços no mapeamento das bacias dos rios Paraopeba, Velhas, Carmo, Piracicaba e Tanque e buscou analisar a distribuição espacial de Fe e elementos potencialmente tóxicos (EPT: As, Ba, Cd, Co, Cr, Cu, Hg, Mn, Mo, Ni, Pb, Sn, V e Zn) e investigar efeitos de alterações antrópicas. Entre janeiro e abril de 2023, foram coletadas 866 amostras de sedimentos de corrente, incluindo 45 duplicatas. Os procedimentos seguiram padrões internacionais para estudos ambientais. As amostras foram secas a 40°C, desagregadas, peneiradas (<2 mm) e homogeneizadas. Alíquotas de 50 g foram digeridas com água régia (3HCl:1HNO3) e analisadas por ICP-MS em laboratórios credenciados. Os resultados analíticos foram submetidos a técnicas estatísticas uni- e multivariadas e foram gerados mapas geoquímicos de distribuição espacial. A matriz de correlação de Spearman e a análise de agrupamento hierárquico revelaram as seguintes associações elementares: G1) Ni-Cr-Co-Cu-Cd-V-Zn (0,64 ≤ ρ ≤ 0,83); G2) Fe-Mn (ρ = 0,54); G3) Mn-Ba-Hg (0,62 ≤ ρ ≤ 0,67); G4) Pb-Sn-Zn (0,57 ≤ ρ ≤ 0,71);. Os elementos dos grupos G1 e G2 apresentaram apresentaram alta correlação com as regiões de ocorrência de rochas metavulcanossedimentares dos supergrupos Rio das Velhas e Minas, na porção central do QF, nas cabeceiras das bacias dos rios Velhas, Piracicaba e Carmo. Os elementos G1 apresentaram, ainda, altas concentrações nas regiões de ocorrência de suítes máficas mesoarqueanas e paleoproterozóicos na região do Rio Manso, oeste do QF, e de sequências básicas a ultrabásicas e TTG do Complexo Santo Antônio do Pirapetinga a leste. No grupo G3, a associação preferencial de Mn e Ba fica evidente na região de Conselheiro Lafaiete, na cabeceira da bacia do rio Paraopeba, estando relacionada às sequências metavulcanossedimentares paleoproterozóicas do Grupo Barbacena, que hospedam depósitos de Mn. Tais concentrações elevadas de Mn e Ba, se originam claramente nesta região e se distinguem do que se observa à jusante do rio Paraopeba, cujos afluentes geralmente apresentam baixas concentrações desses elementos. Altas concentrações de Mn, Ba e Hg foram observadas em áreas protegidas do Parque Nacional da Serra do Gandarela e do Santuário do Caraça, sugerindo origem geogênica para essas anomalias. Os elementos G4 apresentaram altas concentrações no alto rio Paraopeba, associadas aos granitoides sinorogênicos paleoproterozóicos do Cinturão Mineiro, e na região limitrofe entre as bacias do baixo rio Piracicaba e rio Tanque, provavelmente relacionados aos granitos anorogênicos paleoproterozóicos da Suíte Borrachudos, conforme sugere enriquecimento em Sn e Mo nesta área. Por fim, a análise individualizada por bacias revela peculiaridades ligadas à geologia e ao grau de antropização na geoquímica dos sedimentos, que precisam ser melhor compreendidas. Os resultados obtidos ressaltam a necessidade de monitoramento contínuo para avaliar os impactos antrópicos e de políticas ambientais robustas para proteger os recursos hídricos da região.

Palavras Chave

Quadrilátero Ferrífero; geoquímica; Elementos Potencialmente Tóxicos; Sedimentos de corrente