Dados da Submissão
Título
COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS ALCANÇADOS COM AS METODOLOGIAS DE MAPEAMENTO DE RISCO E PERIGO A DESLIZAMENTOS, “DO IPT” E GIDES, APLICADAS EM DOIS SETORES DE ENCOSTA DE CAMARAGIBE, PE.
Texto do resumo
Discutem-se os resultados obtidos por dois métodos de cartografia de perigo e risco geológico - a conhecida como “do IPT-SP” (MCidades / IPT-SP, 2004; 2007); e a proposta pelo Projeto GIDES (CPRM, 2018) - em dois setores de encostasdo Município de Camaragibe (PE), ambos representados por taludes escavados em sedimentos da Fm Barreiras e densamente ocupados por população pobre.Ambas as áreas foram estudadasporAlheiros (1998); Bandeira (2003); Coutinho & Magalhães (2005); Silva (2007) e Souza (2014); e tiveram suas feições erosivas e deslizamentos associados às descontinuidades hidráulicas presentes no perfil do solo, representadas por intercalações abruptas de horizontes arenosos, mais permeáveis, e horizontes argilosos, menos permeáveis, dos tabuleiros da Formação Barreiras.No primeiro setor, chamado “Rua Bom Jesus”, com taludes verticaise com moradias muito vulneráveisposicionadas junto aos pés, os processos de erosão hídrica violenta e deslizamentos planares são frequentes, mesmo em eventos de chuvas normais. Os resultados obtidos com a aplicação da metodologia “do IPT” indicaram a predominância absoluta - 90% - de áreas de risco muito alto. Já os resultados alcançados com a metodologia GIDES apontaram um predomínio de áreas de perigo muito alto, com a área crítica e a área de dispersão sendo facilmente delimitadas junto aos taludes já afetados por deslizamentos no passado e que ainda mostram evidências de movimentação contínua. No segundo setor, denominado “Córrego do Paletó”, no qual a geometria original de anfiteatro foi transformadanum terreno em patamares, as cicatrizes de deslizamentos rasos são pontuais, mas processos erosivos se desenvolvem continuamente. Comohá uma dificuldade de eventual evacuação em caso de deslizamentos generalizados, os resultados obtidos com a “do IPT” indicaram a predominância de áreas de risco alto. Já coma Metodologia GIDES, como os taludes são descontínuos e observam-se poucas cicatrizes de deslizamentos pretéritos, os resultados apontam para uma heterogeneidade grande, mas com predominânciade setores com perigo alto. Analisando os resultadosalcançados nos dois setores com as duas metodologias, observa-se que há uma similaridade satisfatória. Isto acontece porque: (i) em ambas as metodologias, a espacialização do perigo e do risco se beneficiou da existência de inventário de deslizamentos passados organizado pela Defesa Civil Municipal;(ii) aavaliação dos graus de perigo e risco nas duas áreas émuitosimples, já que ambas mostram muitas e frequentes feições de instabilidadejá estudadas no passado. Quanto à aplicabilidade, as diferenças entre as duas metodologias ficaram bem nítidas (iii) a“do IPT”, fortemente baseada na análise subjetiva de fatores condicionantes efeições de campo, mostra-se mais rápidae redundante, ou seja, dois avaliadores têm muitas chances de alcançar o mesmo resultado, mesmo quando as condicionantes dos deslizamentos variam entre trechosda mesma encosta ou até mesmo em duas áreas diferentes; (iv) A metodologia GIDES, como compreende operações repetitivas que se baseiam em critérios topográficos, é mais quantitativa e pragmática, mas mostra-se dependente da pré-seleção da área efetiva de avaliação, o que pode, eventualmente, dificultar a avaliação do perigo numa área, por exemplo, sem nenhum histórico de deslizamentos anteriores ou sem feições atuais de instabilidade.
Palavras Chave
Geotecnia; Risco Geológico; Geologia de Engenharia
Área
TEMA 03 - Risco Geológico, Geologia de Engenharia e Barragens
Autores/Proponentes
Rafael Correa Melo, Claudio Amaral