Dados da Submissão

Título

DADOS PRELIMINARES DE FEIÇÕES DE ANATEXIA EM MEGAXENÓLITO DE CHARNOCKITOIDE ASSOCIADO À INTRUSÃO DO CORPO VILA MARAVILHA, SUÍTE SERRA DA PROVIDÊNCIA, SUDESTE DO ESTADO DO AMAZONAS

Texto do resumo

O termo "charnockito", independentemente das discussões a respeito da sua classificação genética, refere-se a rochas de composição granítica contendo hiperstênio, geralmente atribuídas a ambientes de crosta intermediária a profunda, em condições de fácies granulito. Ocorrem frequentemente associadas a terrenos migmatíticos, refletindo o ambiente geológico de alto grau no qual se formaram, sendo estáveis sob essas condições. Portanto, a ocorrência de migmatitos em protólitos charnockíticos é relativamente incomum, demandando processos de adição de fluidos, considerando o caráter anidro dessas rochas. No sudeste do estado do Amazonas, Escudo Brasil Central, são descritos charnockitoides calimianos intrusivos no terreno estateriano Juruena, cronologicamente correlacionados ao magmatismo bimodal Serra da Providência (SSP) e interpretados como pertencentes a uma associação AMCG. Este estudo apresenta dados preliminares sobre a ocorrência de charnockitoides com feições de migmatização associados à intrusão do corpo Vila Maravilha (SSP), nos arredores da Vila Maravilha, município de Manicoré (AM). A caracterização baseia-se em análises de relações de campo e descrições petrográficas, complementadas pela revisão de dados de projetos anteriores do Serviço Geológico do Brasil (SGB). A área de estudo, com aproximadamente 90 km², é composta por augita-hornblenda-biotita gnaisses de composição enderbítica, coloração cinza-claro, granulação média, inequigranulares, compostos por plagioclásio, quartzo, biotita, hornblenda, augita, microclínio e hiperstênio. Os piroxênios, por vezes, ocorrem com limites intersticiais, e minerais acessórios incluem opacos, titanita, allanita, zircão e apatita. Apresentam uma foliação (Sn) moderada a muito penetrativa, definida pelo alinhamento de agregados máficos, com microtexturas de deformação limitando-se à extinção ondulante e geração de subgrãos em quartzo. Localmente, ocorrem metatexitos com feições estromáticas, em que faixas leucograníticas sinuosas (até 30 cm), às vezes dobradas, são bordejadas por concentrações de hornblenda, biotita e opacos, com foliação muito penetrativa (Sn+1) definida pelo alinhamento de máficos e estiramento da matriz. Frequentemente a rocha é interceptada por diques e assimilada na forma de xenólitos por sienogranitos do corpo Vila Maravilha (1533 Ma Pb-Pb evaporação em zircão). Assim, como apresenta idade de cristalização Pb-Pb evaporação em zircão de 1575 Ma, sendo circundado e assimilado por um corpo mais jovem, a sua ocorrência é interpretada como um megaxenólito. Essas relações indicam que a possível anatexia é anterior à intrusão do corpo Vila Maravilha, limitando-se entre 1575-1533 Ma. Esse intervalo, juntamente com a identificação apenas de microtexturas de baixo grau, não satisfaz a proposição de um grande evento tectono-termal, especialmente considerando a escala local desses migmatitos. Assim, as evidências preliminares sugerem três possibilidades: 1) pequenos pulsos de fluidos que antecederam a colocação de corpos graníticos da SSP; 2) fusão por descompressão, em função da rápida exumação; 3) fluidos residuais da própria cristalização do charnockitoide, sem representar necessariamente um evento anatético. As próximas etapas da pesquisa devem incluir mais dados de campo e descrições petrográficas, associadas a campanhas futuras, além de maior suporte analítico, com possibilidade de análises isotópicas da porção segregada da rocha, visando conclusões mais assertivas.

Palavras Chave

Charnockitos; metatexitos; Escudo Brasil Central; Terreno Juruena; Vila Maravilha