Dados da Submissão

Título

CARACTERIZAÇÃO DAS BRECHAS DA FORMAÇÃO LAGAMAR (GRUPO VAZANTE) NO MUNICÍPIO DE LAGAMAR-MG

Texto do resumo

O Grupo Vazante é uma sucessão metassedimentar, Meso a Neoproterozoica, predominantemente psamo-pelítica, com estruturação geral de direção N-S, que está localizada na zona externa na Faixa de Dobramentos Brasília. As rochas desta unidade foram metamorfisadas em baixo grau, atingindo a fácies xisto verde, e mostram pelo menos 3 eventos de deformação. Na região do município de Lagamar, o Membro Sumidouro da Formação Lagamar é composto por litofácies carbonáticas, com predomínio de calcarenitos, calcilutitos, calcirruditos e calcários estromatolíticos, depositados em ambiente marinho raso. Tais fácies estão geralmente associadas a níveis de brechas com características distintas, as quais podem refletir origem distinta para esses níveis, considerando o contexto sedimentar da unidade e eventos de deformação posteriores. Este trabalho tem como objetivo determinar a gênese das brechas do Membro Sumidouro, a partir de dados levantados no município de Lagamar, MG. As brechas encontradas na área de estudo possuem características que permitem classificá-las como sendo de origem sedimentar e hidrotermal. Brechas intraformacionais, de modo geral, correspondem a depósitos de clastos geralmente angulosos, deformados ou não, envoltos em matriz de granulação mais fina. Os clastos têm origem sedimentar a partir do retrabalhamento e redeposição penecontemporânea muito próximos do local de formação. As brechas hidrotermais são formadas a partir da interação da rocha com soluções geralmente ricas em água, e sob alta pressão. Na área de estudo, as brechas intraformacionais estão associadas aos níveis de microbialitos e mostram geometria tabular, as vezes lenticular, e organização variando de regular a caótica, sendo classificadas como do tipo flat-pebble. Sua formação pode estar relacionada a ondas de tempestade que desagregaram a rocha no topo do talude marinho, geraram fluxo de detritos, e remobilizaram os clastos para porções próximas na própria plataforma carbonática. Brechas com clastos de menor tamanho, mais empacotados, em depósitos sem grande variação lateral ocorrem entre as colunas de microbialitos. Essas podem estar associadas ao retrabalhamento eventual de materiais autóctones, depositados localmente como resultado da ação de onda, que não sofrem retrabalhamento adicional devido às características do relevo de fundo resultante da presença das colunas. Outras brechas identificadas na área de estudo apresentam padrão em mosaico, geralmente com rotação insignificante dos clastos, típicas de ambiente hidrotermal. Essas se originaram pelo processo de brechação fluido-assistida, no qual o fluido hidrotermal percola planos de fratura, aumentando a pressão e resultando na fragmentação in situ da rocha. A presença de clastos “flutuantes” arredondados ou subarredondados indica esfoliação hipogênica, intimamente relacionada ao processo fluido-assistido. O hidrotermalismo que condicionou a formação das brechas hidrotermais pode estar associado a processos tectônicos do Ciclo Brasiliano, provavelmente relacionado aos depósitos minerais explorados comercialmente na região.

Palavras Chave

brechas intraformacionais; Neoproterozoico; brechas hidrotermais; Ciclo Brasiliano