Dados da Submissão
Título
CLASSIFICAÇÃO DAS BRECHAS DA ZONA DE CISALHAMENTO CRUZEIRO DO NORDESTE: EVIDÊNCIAS SOBRE PALEO-TERREMOTOS NA PROVÍNCIA BORBOREMA
Texto do resumo
O reconhecimento da gênese associada aos tipos de brechas identificadas em zonas de falhas auxilia no entendimento da história geológica de uma determinada região, inclusive impactando atividades na mineração e indústria do petróleo. A Província Borborema, Nordeste do Brasil, é um local excelente para tal investigação, dada sua trama complexa de zonas de cisalhamento, que influenciaram a formação das bacias sedimentares intraplaca. Na borda norte da Bacia do Jatobá (BJ), essas características são controladas pela Zona de Cisalhamento Cruzeiro do Nordeste (ZCCNE) e pela Falha de Ibimirim. Dados de campo, análises microestruturais e de catodoluminescência foram integrados para caracterizar a deformação rúptil associada à ZCCNE. A deformação dúctil é caracterizada pela foliação milonítica NE-SW que exibe uma cinemática destral, evidenciada pela trama S-C. A deformação dúctil-rúptil é marcada pela presença de bandas de cisalhamento. Estas bandas podem ser do tipo C', orientadas WNW-ESE (280Az), falhas transcorrentes sinuosas relacionadas à R e R´, com atitudes NW-SE (300Az) e NNW-SSE (350Az), respectivamente, e bandas de cisalhamento NE-SW (050Az), relacionadas à reativação da foliação milonítica. A trama rúptil é evidenciada por falhas, predominantemente transcorrentes, juntas, veios e brechas. Os veios apresentam espessura de até 10 cm e manifestam-se como estruturas sinuosas que se alojaram aproveitando as bandas de cisalhamento. As brechas de falha possuem fragmentos angulosos e pequena proporção de matriz (encaixante cominuida) e/ou cimento (calcita), caracterizando brechas “crackle” a “mosaic”. As brechas hidraulicas variam de espessuras milimétricas a decimétricas, apresentam predominância de fragmentos angulosos, com uma pequena proporção de cimento que pode ser de epidoto ou de calcita. Em meso-escala as seguintes relações de corte foram identificadas: (1) veios de epidoto que cortam a encaixante originando brechas do tipo "mosaic" a "chaotic"; (2) veios de calcita placosa que brecham a encaixante e os veios de epidoto, formando texturas "crackle" a "mosaic"; (3) veios de calcita leitosa brechando o material pre-existente. Além disso, em microescala foi observada a ocorrência de ultracataclasitos cortados por veios de calcita. Duas fases de calcita ocorrem de maneira distinta: (1) calcita espática, prismática e de baixa luminescência e (2) calcita microcristalina com alta luminescência, sendo esta mais tardia e responsável por gerar brechas “crackle” a “mosaic”. A interação complexa entre rochas de falha e pulsos de migração de fluidos, sugere uma reativação tectônica associada a ciclos de paleossismicidade ao longo da ZCCNE. A geometria da porção norte da BJ foi diretamente controlada pela reativação tectônica da trama dúctil-rúptil desta zona de cisalhamento, o que promoveu a interação de pelo menos três fases de percolação de fluidos em rochas de falha.
Palavras Chave
Ultracataclasitos; Veios; Paleossismicidade; Calcita; epidoto
Área
TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica
Autores/Proponentes
Daniel Oliveira Barbosa, Tiago Siqueira Miranda, Luis Gustavo Ferreira Viegas, Osvaldo José Correia Filho, Acauã Izidio Silva, Bruno Raphael Barbosa Melo Carvalho, Sergio Pacheco Neves, Virginio Henrique Miranda Lopes Neumann, Maria Laura Silva Correa Reis, Thiago Augusto Silva, Sara Gomes Costa