Dados da Submissão

Título

ÁGUA COMO ELEMENTO IMPORTANTE DA GEODIVERSIDADE E DA CULTURA NO SERIDÓ GEOPARQUE MUNDIAL DA UNESCO

Texto do resumo

O Seridó Geoparque Mundial da Unesco está localizado no nordeste brasileiro em uma região dominada pelo bioma Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro e que é caracterizado pela adaptabilidade das espécies ao clima semiárido, de baixa precipitação. Essa adaptação também está imbuída na cultura da população seridoense, a qual celebra de forma única a chegada do período chuvoso e, quando possível, a “sangria” de seus açudes. A relação com a água no Seridó é cultural, mas dependente da relação desse elemento com os demais elementos da geodiversidade, como o caso do Açude Gargalheiras, cujo barramento foi possibilitado pelo “gargalo” entre os relevos residuais das serras das Cruzes e Cambucás. Sendo assim, no território do Geoparque Seridó, existe uma relação intrínseca da água enquanto elemento da geodiversidade não somente com os ecossistemas locais, mas também com diferentes expressões culturais seridoenses. Nesse sentido, este trabalho objetiva levantar os geossítios e outros locais cuja água tenha um relevante destaque. Inicialmente, foi observado quais geossítios, dentre os 21 do inventário atual do geoparque, possuem corpos d’água na área compreendida pelo geossítio. Estes corpos foram medidos, com a ferramenta de medição de áreas do software Google Earth Pro. Para isso, as imagens de satélite utilizadas foram as mais recentes e visíveis disponibilizadas pelo programa. A área medida para os corpos d’água foi então comparada com as áreas totais dos respectivos geossítios, de forma a observar a porcentagem de ocupação da água nestes locais. No caso de geossítios com açudes monitorados pelo IGARN (Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte), as diferentes medições disponibilizadas foram obtidas para o período de 01 de janeiro de 2023 a 20 de abril de 2024. O mesmo levantamento foi feito para outros açudes, não localizados em áreas de geossítios, mas localizados em um dos seis municípios do Geoparque Seridó: Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas. Por fim, foram observadas as diferentes manifestações culturais e turísticas associadas a estes corpos d’água. Como resultado, observou-se que três geossítios (Açude Gargalheiras, Açude Boqueirão e Cruzeiro de Cerro Corá) possuem açudes em sua área, desses dois são monitorados pelo IGARN. Além disso há um geossítio com pequena barragem (Pico do Totoró) e outros sete com pequenos acúmulos de água, como tanques, nascentes, córregos ou rios intermitentes: Serra Verde, Nascente do Rio Potengi, Lagoa do Santo, Cânions dos Apertados, Poço do Arroz, Marmitas do Rio Carnaúba e Cachoeira dos Fundões. Portanto, 52,4% dos geossítios possuem alguma relação com a água. Entre os geossítios, observou-se que o corpo d´água do Açude Gargalheiras ocupa a maior porcentagem de área em relação à área total. Além daqueles localizados em geossítios, o território do Geoparque Seridó possui também três açudes monitorados: Dourado e Currais Novos, no município de Currais Novos; e Parelhas, no município homônimo. Esses locais estão divulgados no território do Geoparque Seridó em expressões artísticas, como poesia, música, artesanato, e na atratividade dos locais, a exemplo do movimento de visitantes de todo o Rio Grande do Norte para ver a “sangria” do Açude Gargalheiras em abril de 2024. Em um território marcado pelas temperaturas altas, com baixa precipitação ao longo do ano, essencialmente concentrada em pequenos períodos, a água é sinônimo de festa.

Palavras Chave

Água; Geodiversidade; geoparque seridó; seridoense.